postado em 25/04/2008 14:01
GENEBRA - Os gigantes rivais da indústria aeronáutica, Airbus e Boeing, encontraram durante a semana um inusual terreno de entendimento: assinaram um acordo destinado a diminuir o impacto do tráfego aéreo no meio ambiente. "É a primeira vez que me sento na mesma mesa que Scott Carson, presidente da frota comercial da Boeing;, comentou Tom Enders, presidente da Airbus.
Os gigantes europeu e americano estão acostumados a competir no mercado e a se enfrentar na Organização Mundial de Comércio sobre as subvenções concedidas pela União Européia e pelos Estados Unidos. No entanto, nesta terça-feira em Genebra, Carson e Enders encontraram na mudança climática uma preocupação em comum. Em acordo assinado à margem da terceira cúpula sobre Aviação e Meio Ambiente, a Airbus e a Boeing comprometem-se a unir suas forças para melhorar o impacto do setor aéreo no meio ambiente.
;As duas empresas são grandes rivais, o que resultou num elemento decisivo para melhorar a eficiência da aviação", declarou Carson. ;No entanto, em se tratando de mudança climática, trabalhamos pelo mesmo objetivo, a redução do impacto da aviação sobre o meio ambiente", acrescentou o americano. A modernização da direção do controle do tráfego aéreo é a principal ambição da Airbus e da Boeing com o fim de eliminar o congestionamento. "Os dois sistemas de direção de controle aéreo devem ser inter-operáveis tanto nos Estados Unidos como na Europa", explicou Eric Stefanello, vice-presidente da direção de tráfego aéreo da Airbus.
A subordinação na Europa aos regulamentos que impedem circulação eficaz no céu europeu foi destacada pela Airbus e pelos outros participantes da cúpula, que pediram que os governos tomem providências. O diretor da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), Giovanni Bisignani, denunciou o fracasso da Europa em criar um céu europeu único que permita reduzir em 12 milhões de toneladas as emissões de carbono. O termo "único céu europeu" refere-se a um conjunto de medidas destinadas a reestruturar o espaço aéreo em função do tráfego e não das fronteiras nacionais, como ocorre atualmente.
Segundo a Airbus, a falta de harmonia do setor na Europa faz com que cada vôo realizado percorra 49 km suplementares no trajeto. "Os governos devem fazer mais para ajudar a indústria, devem criar um céu aéreo único", insistiu Alexander Kuile, secretário-geral da Organização de Serviços de Navegação para a Aviação Civil (Canso).
Bruxelas já repreendeu os 27 países que fazem parte da União Européia pela lentidão em melhorar a organização do tráfego em nível europeu. Paralelamente, os treze participantes da reunião, entre eles a Airbus e a IATA, a empresa canadense Bombardier e a brasileira Embraer, concordaram em avançar para um crescimento neutro de emissões de carbono com o objetivo de alcançar um futuro sem carbono. "Vamos otimizar a eficácia do combustível da nossa frota e a maneira de pilotar nossos aviões e conduzir nossas operações em terra", afirmaram os treze signatários dessa declaração.