Mundo

Perfil do suposto seqüestrador arrepia austríacos

;

postado em 28/04/2008 11:42
VIENA - Josef Fritzl, de 73 anos, que, segundo sua confissão, manteve a própria filha seqüestrada desde 1984 em um porão da sua casa ; e com ela teve sete filhos ;, se mostra, segundo as primeiras investigações, como o autor de um crime diabólico sem precedentes na história da Áustria. "Enquanto a filha, Elisabeth, vivia um calvário sem fim presa com três de seus filhos em um porão, o monstruoso Fritzl vivia na mesma casa como um avô bondoso", resumiu, nesta segunda-feira (28/04), o jornal Kronen Zeitung. Em Amstetten, cidade 100 km ao oeste de Viena onde ocorreu o caso, os vizinhos interrogados descreveram Josef como um homem amável, educado, sempre disposto a ajudar os outros. Nesta segunda-feira, ele confessou ter mantido sua filha no porão da casa e ter tido sete filhos com ela, um deles falecido pouco depois de nascer. Com sua esposa Rosemarie, o criminoso teve ainda mais sete filhos, todos já adultos agora, e os vizinhos relembram que ele sempre os tratou muito bem. Contudo, ninguém nunca suspeitou da vida dupla de Josef que, segundo os amigos, era um fã da pesca e de barcos a vela, indica o Kronen Zeitung. "Ele construiu uma fantasia e todos acreditaram", afirmou o ministro austríaco do Interior, Gunther Platter. O eletricista de formação que trabalhava em uma empresa de materiais de construção idealizou e colocou em prática um plano altamente sofisticado. Ao seqüestrar sua filha em 1984, explicou à polícia que ela havia sido levada por uma seita e, como prova, fez com que Elisabeth escrevesse uma carta, dirigida aos pais, pedindo que parassem de procurá-la. Pai autoritário, proibiu estritamente que todos visitassem o porão e alegou que se tratava de seu ateliê. Todas as noites, levava comida para a filha e para três de seus filhos, enquanto que, para os outros três, orquestrou um plano para revelar sua existência e adotá-los como avô. Os três foram colocados, com poucos meses de vida, na porta de sua casa, junto a cartas escritas por Elisabeth. Uma delas, de 1993, dizia: "O bebê tem nove meses, terá uma vida melhor com seu avô e avó que comigo". Heinz Lenze, funcionário dos serviços administrativos de Amstetten, reconheceu que os serviços sociais nunca procuraram a casa cada vez que uma criança aparecia na sua porta. Os três bebês, dois meninos e uma menina, estão na escola e, segundo testemunhas, tiram boas notas. Segundo um dos colegas de classe, entrevistado pelo canal de TV ORF, todos sabiam que a mãe havia desaparecido, mas ninguém comentava o assunto e a avó tinha pedido que não se falasse sobre isso.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação