postado em 28/04/2008 14:19
ROMA - O novo parlamento da Itália, eleito nos dias 13 e 14 de abril, começará seus trabalhos, nesta terça-feira, em Roma e dá início a uma nova era política marcada pelo triunfo do milionário Silvio Berlusconi e, pela primeira vez, pela ausência dos comunistas. A folgada vitória de Berlusconi, que governará o país pela terceira vez, promete traduzir-se num governo sem sobressaltos políticos, provavelmente até 2013, o que é praticamente uma exceção para um país que tem tido, em média, um governo por ano.
A estabilidade governamental constitui um passo importante para a Itália, cujo panorama político se simplificou notavelmente, pois o parlamento contará com a representação de apenas cinco partidos políticos, ao contrário dos 26 que existiam há dois anos. "A Itália começa a se parecer com outros países europeus, com dois grandes partidos políticos, como na França e na Inglaterra. Não acredito que as coisas voltem a ser como antes", assegurou o editorialista Ernesto Galli della Loggia.
Berlusconi e seu partido político, o Povo da Liberdade (PdL), junto ao populista e xenófobo Liga Norte de Umberto Bossi, representam claramente a maioria política e social. Sete entre dez italianos votaram no PdL e na nova formação de centro-esquerda Partido Democrático (PD), liderado por Walter Veltroni. Os italianos castigaram duramente os partidos mais radicais de esquerda, formados por comunistas e verdes, que desapareceram do novo parlamento.
Pela primeira vez desde a criação da República italiana em 1948, o parlamento não contará com a presença de comunistas, outrora o maior partido comunista do Ocidente. Em 1976, o então Partido Comunista Italiano obteve 34,4% dos votos, um de seus melhores resultados. Em 2008, após uma longa e complexa jornada política, converteu-se no PD, um partido reformista, com 33% dos votos. Alguns dos herdeiros, como o Partido da Refundação Comunista e o Partido dos Comunistas Italianos, aliados aos Verdes, alcançaram somente 3% dos votos nas últimas eleições, sem obter os 4% necessários para entrar na Câmara de Deputados ou no Senado.
O papel do Partido Democrático de Veltroni, que pregou o voto útil contra a direita de Berlusconi, pesará perante o novo panorama político com 217 cadeiras na Câmara e 118 no Senado, e será obrigado a fazer uma difícil oposição. O partido da xenófoba e populista Liga Norte, que ganhou praticamente em todas as regiões onde se apresentou no norte da península, superou 8% dos votos e ganhou espaço em regiões tradicionalmente de esquerda como a Emilia Romagna, e representa um amplo apoio para o terceiro governo do magnata das comunicações.
A Liga Norte obterá importantes cargos no governo, pedirá a aplicação imediata do federalismo fiscal, ou seja, altas porcentagens de impostos permanecem em regiões onde as taxas são pagas e exigirá medidas estritas contra a imigração. Como as regiões do norte, as mais ricas e industrializadas, são onde a contribuição fiscal é maior, o risco de aumentar a brecha entre o norte rico e o sul pobre é grande. Berlusconi assumirá o poder com todas as cartas na manga para cumprir suas promessas de campanha, mas já avisou que não tem uma vara mágica e prevê "tempos difíceis" para a Itália para recuperar seu economia em frangalhos.