postado em 29/04/2008 17:10
WASHINGTON - Enquanto o preço dos combustíveis bate recordes nos Estados Unidos, a negativa do pré-candidato democrata Barack Obama em aprovar a suspensão de uma taxa sobre os combustíveis foi alvo de nova polêmica com sua adversária Hillary Clinton. A idéia foi lançada pelo pré-candidato republicano John McCain e por Hillary.
Segundo a Associação Americana de Automóveis (AAA), o preço médio da gasolina para o consumidor, em nível nacional, chegava a 3,60 dólares o galão (3,78 litros) nesta terça-feira, contra 3,28 dólares o galão há um mês. "O único meio de fazer o preço da gasolina baixar em longo prazo é começar a usar menos petróleo", disse Obama, cuja posição é compartilhada por vários ecologistas e especialistas independentes.
De acordo com o especialista em temas petroleiros Tom Kloza, "a moratória não é uma coisa prudente a se fazer", porque a suspensão do imposto pode levar os motoristas a usar mais seus veículos, fazendo os preços subirem, pela lei de oferta e demanda, beneficiando, basicamente, as companhias de petróleo.
Eleitor de classe média
A negativa do senador pode aprofundar a distância que o separa do americano comum, em geral receptivo a qualquer redução de impostos. A maioria dos analistas atribui a derrota recente de Obama na Pensilvânia a sua incapacidade de seduzir a classe média nos Estados Unidos.
Para justificar sua rejeição a acabar com o imposto, que chega a 18,4 centavos por galão e que permitiu ao governo arrecadar 28,2 bilhões de dólares em 2006, Obama lembrou que a taxa serve para financiar fundos para construção e manutenção de estradas.
Já Hillary Clinton acusou o rival de se distanciar da realidade do cidadão americano comum. "As famílias de classe média pagam muito, e as companhias petroleiras não pagam sua parte justa para nos ajudar a resolver os problemas que encontramos nos postos de gasolina", disse a senadora por Nova York.
Os dois pré-candidatos democratas se uniram, contudo, para reivindicar a taxação do lucro das companhias de petróleo. Segundo Hillary, isso permitirá compensar a supressão da taxa dos combustíveis, fazendo com que os fundos para manutenção das estradas continuem funcionando.
Durante uma entrevista coletiva nessa terça, o presidente George W. Bush se negou a comentar a proposta. "Estou aberto a todas as idéias, e analisaremos todas as que forem apresentadas", desconversou, acrescentando que não irá, porém, "saltar no meio de uma campanha presidencial".