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Ruralistas argentinos suspendem trégua, mas não farão bloqueios

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postado em 02/05/2008 08:21
Buenos Aires - Os produtores rurais da Argentina decidiram encerrar a trégua dada ao governo. A decisão foi tomada por várias assembléias das bases, que preferiram voltar ao estado de alerta e mobilização, mas sem bloqueios nas rodovias, para não provocar desabastecimento. As últimas negociações entre o governo e os representantes do campo estabeleceram a reabertura das exportações de carne bovina, travadas há um mês, e do trigo, além da liberação do preço interno do grão pago ao produtor. No entanto, a principal reivindicação do setor não chegou a ser discutida: a volta da alíquota fixa do imposto de exportação, denominado de retenções móveis. Em 11 de março, o então ministro de Economia, Martín Lousteau, adotou esquema de alíquota que varia de acordo com os preços internacionais dos grãos e que pode chegar até 95% do valor do produto. O esquema detonou o protesto, que durou 21 dias, envolvendo o bloqueio das artérias agrícolas do país e a não comercialização de nenhum produto agropecuário. O governo promete voltar a reunir-se com os dirigentes rurais na próxima terça-feira para discutir o polêmico ponto e detalhar outras propostas que envolvem os demais temas. Em troca, pediu que os ruralistas prorrogassem a trégua por pelo menos uma semana. Os dirigentes estavam abertos a essa possibilidade, mas as bases relutaram e preferiram voltar às manifestações, desta vez sem tanta dureza. Nesta sexta-feira (02/05), os dirigentes voltarão a se reunir para avaliar as decisões das várias assembléias realizadas no feriado de 1º de Maio. As quatro entidades ruralistas que lideram a mobilização querem avaliar em conjunto a decisão das bases e deverão conceder entrevista coletiva para anunciar a posição oficial do movimento. O presidente da Federação Agrária, Eduardo Buzzi, ressaltou que, mesmo com o fim da trégua e o início da mobilização, o grupo está disposto a continuar discutindo com o governo para chegar a um consenso. O titular das Confederações Agrícolas Argentinas (CRA), Mário Llambias, pediu a presença massiva dos agricultores nas rodovias importantes, mas esclareceu que não será para bloquear o trânsito. Os dirigentes disseram que não querem ser responsabilizados pela escassez de alimentos junto à população e alegou que, durante o locaute de março, os especuladores de preços aproveitaram a situação para esconder mercadorias e subir seus valores. Os ruralistas também não querem ser apontados pelo governo como os culpados pela alta da inflação, como acusou o presidente da Central Geral Trabalhista (CGT), Hugo Moyano, aliado do governo, durante as comemorações de 1º de Maio.

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