postado em 02/05/2008 13:20
LA PAZ - O governo boliviano garantiu, nesta sexta-feira (02/05), o fornecimento de gás a seus principais mercados de exportação, Brasil e Argentina, e o abastecimento do mercado interno, após a decisão do presidente Evo Morales de nacionalizar na quinta-feira quatro companhias de petróleo estrangeiras que operam no país.
"Garantimos o abastecimento porque a decisão de tomar o controle das companhias de petróleo é uma decisão planejada. Garantimos o abastecimento externo e interno", afirmou o ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, a uma TV local. O ministro afirmou que não haverá interrupção alguma porque disse que a decisão faz parte de políticas globais que correspondem à política estratégica em matéria de hidrocarbonetos.
O presidente socialista anunciou na quinta-feira que o Estado boliviano recuperava por decreto a maioria acionária de três empresas de petróleo capitalizadas há uma década: Chaco (British Petroleum), Transredes (Ashmore) e CLHB, de capitais alemães e peruanos, além da compra de ações da empresa Andina, filial da hispano-argentina Repsol-YPF, tomando assim o seu controle.
Villegas afirmou que estas medidas encerram o primeiro ciclo da nacionalização dos hidrocarbonetos, iniciado em maio de 2006, que tinha como objetivo não apenas recuperar os recursos naturais, e sim as empresas. Após a nacionalização, as companhias de petróleo não se pronunciaram de maneira oficial e, segundo a imprensa local, estariam avaliando as medidas.
A Bolívia produz em média 40 milhões de metros cúbicos diários (MMCD) de gás que são enviados ao Brasil (30 MMCD). O restante é utilizado para consumo interno (6,5 MMCD) e os saldos flutuantes são fornecidos à Argentina, que exige maiores volumes de La Paz. A Bolívia possui 1,36 bilhão de m3 de gás natural, entre reservas comprovadas e prováveis, as segundas maiores da região depois da Venezuela.
Após sua chegada ao poder, Morales anunciou que pretendia recuperar as ações das companhias de petróleo privadas por meio da obtenção de concessões feitas pelo Estado durante o mandato do presidente liberal Gonzalo Sanchez de Lozada (1993-97), responsável pela privatização do setor de hidrocarbonetos e de outras importantes atividades econômicas.
Em discurso nesta quinta-feira, Morales disse que a operação se inclui na lógica de que a Bolívia quer sócios e não donos de seus recursos naturais. "O processo de compra foi concluído com sucesso", declarou o ministro dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, durante a cerimônia na qual o representante da Repsol-YPF, Thomas Garcia, assinou o contrato de venda. "Com esse contrato, a Bolívia vai recuperar a maioria das ações de 18 campos petrolíferos e a YPFB (companhia de petróleo nacional boliviana) será representada tanto na direção quanto na assembléia de acionistas e na administração", explicou o ministro.