postado em 04/05/2008 09:25
LA PAZ - Os centros de votação na rica região de Santa Cruz começaram a ser abertos às 08h04 horário local (12h03 GMT) deste domingo para aprovar o estatuto do primeiro governo regional autônomo da Bolívia. A cidade se organiza calmamente para a consulta, classificada pelo presidente boliviano Evo Morales como ilegal e separatista. Os centros de votação, montados em escolas públicas e particulares, já receberam os 'jurados eleitorais', cidadãos escolhidos por sorteio pela corte eleitoral departamental para organizar e supervisionar o plebiscito.
Enquanto o clima na cidade era de tranqüilidade, várias estradas na zona rural amanheceram bloqueadas. Segundo informações de líderes civis, a ação objetiva atrapalhar o andamento da consulta popular. Pelo menos duas estradas importantes que ligam a região aos departamentos de Cochabamba e Beni foram fechadas na altura de San Julián e Yacacaní. "As urnas de votação não serão abertas em San Julián", declarou à imprensa o dirigente Juan Barrea, que anunciou o fechamento temporário da estrada.
"Tivemos uma concentração de camponeses em San Julián e decidimos pelo bloqueio da estrada que nos liga à cidade de Trinidad, que já começou", confirmou o líder agrário de San Julián, Venancio Cortez Méndez. Em Yapacaní, a estrada Santa Cruz-Cochabamba, importante trecho da estrada interoceânica que liga o país aos vizinhos Brasil e Chile, também foi bloqueada, segundo Ambrosio Choque, da prefeitura da comarca de San Germán.
O porta-voz da presidência Iván Canelas denunciou que os líderes do referendo estão "levando pessoas em vários caminhões até Santa Cruz para manter o controle da votação ou para votar". "Tomara que não estejam indo para criar enfrentamentos", disse. As zonas rurais de San Julián, Yapacaní e Cuatro Cañadas são fiéis bastiões eleitorais do presidente indígena Evo Morales, e questionan o comitê civil-empresarial de Santa Cruz, que promove a votação do estatuto para formar o primeiro governo regional autônomo da Bolívia.
Enquanto áreas rurais de Santa Cruz iniciavam as medidas de pressão, a capital do departamento, de 1,2 milhão de habitantes, se preparava com tranqüilidade para votar e decidir pela sorte do estatuto de autonomia, uma espécie de constituição local. Os centros de votação começarão a funcionar a partir das 09h locais (13h GMT) em escolas públicas e privadas, enquanto o governo de Morales voltou a classificar a consulta como ilegal. Estima-se que a participação popular chegue a 70%, num universo de 900.000 eleitores inscritos.