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Passagem de ciclone deixa 351 mortos em Mianmar

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postado em 04/05/2008 19:24
Rangum - Mais de 350 pessoas morreram em Mianmar por causa de um devastador ciclone que passou no sábado por Rangum, a principal cidade do país e ex-capital, e o delta do Rio Irrawaddy, onde destruiu duas localidades, informaram neste domingo (04/05) as autoridades locais e a mídia estatal. O número de mortos deve aumentar à medida que as autoridades conseguirem entrar em contato com as ilhas e os povoados remotos que foram afetados pelo ciclone Nagris, de categoria 3, com ventos de até 190 km/h. As autoridades mobilizaram o Exército nas zonas atingidas para ajudar os desabrigados e avaliar os danos. Dissidentes e diplomatas manifestaram hoje o temor de que os generais de linha dura que governam Mianmar não peçam ajuda internacional para lidar com a situação no país, um dos mais pobres da Ásia. "A comunidade internacional está disposta a fornecer ajuda humanitária. Houve uma enorme destruição, mas cabe ao governo permitir a entrada da assistência", disse um diplomata ocidental que não quis ter sua identidade revelada. O ciclone ocorreu em um momento delicado para a junta militar, que realizará um referendo sobre a nova Constituição no dia 10. Se for sentido que a junta militar não está atendendo as vítimas devidamente, os eleitores, que já culpam o governo pelo péssimo estado da economia e por impedir os avanços democráticos no país, podem votar contra o projeto da nova Carta. O ciclone Nagris, que foi adquirindo força no Golfo de Bengala, devastou a antiga capital birmanesa, deixando as ruas cheias de veículos capotados, árvores caídas e escombros dos prédios afetados. Testemunhas disseram que o ciclone de sábado arrancou telhados de milhares de casas e deixou Rangum - onde vivem cerca de 5 milhões de pessoas - totalmente sem eletricidade. Um funcionário do departamento de eletricidade disse que era impossível prever quando será restabelecido o fornecimento de energia. Segundo a TV estatal ; que 36 horas após a passagem do ciclone ainda não estava sendo transmitida em Rangum ;, mais de 20 mil casas foram destruídas na Ilha de Haingyi, no Mar de Andaman. A TV controlada pelo Exército informou que cinco regiões do país foram declaradas zonas de desastre. De acordo com a emissora militar, 351 pessoas morreram, entre elas 162 que viviam na ilha de Haing Gyi, na costa sudoeste do país. Muitas outras pessoas morreram no delta do Irrawaddy. Três de cada quatro imóveis de Labutta, uma cidade na região de Irrawaddy, desabaram por causa da força da tempestade. Especialistas em desastres da ONU disseram que pode levar dias antes que se saiba a extensão dos danos causados no país, governado desde 1962 por um regime militar. "O delta do Irrawaddy foi extremamente castigado não apenas por causa dos ventos, mas também por causa das fortes chuvas", comentou Chris Kaye, coordenador interino das Nações Unidas para questões humanitárias em Rangum. A agência local de meteorologia previa que o ciclone poderia elevar as marés 3,7 metros acima dos níveis normais, mas não havia informações disponíveis hoje sobre a elevação das marés. A ONU tentou enviar equipes para avaliar os danos neste domingo, mas os esforços foram prejudicados pelos destroços nas estradas. Agentes da ONU tentaram novamente amanhã chegar às áreas afetadas, disse Kaye. Ele disse não dispor de mais informações porque os serviços de comunicações foram duramente afetados pelas tempestades.

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