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Ciclone pode provocar escassez de arroz em Mianmar

Segundo a FAo os cinco estados mais afetados pelo desastre respondem por 65% da produção do país

postado em 07/05/2008 20:33
O centro produtor de arroz de Mianmar foi devastado pelo ciclone Nargis e teme-se que uma longa escassez de alimentos possa atingir o país, já empobrecido, e trazer problemas políticos para o regime militar, disseram hoje (07/05) especialistas. Segundo estimativas da FAO - agência da ONU para Agricultura e Alimentação -, os cinco estados mais afetados pelo ciclone respondem por 65% da produção de arroz do país. Essa região também abriga 80% da sua aqüicultura, 50% da avicultura e 40% de toda a produção suína. O que preocupa mais é a produção de arroz. Como até agora Mianmar produzia a quantidade de arroz suficiente para alimentar sua população, o país conseguiu evitar os problemas de escassez, potencialmente perigosos, e também limitar as altas de preços que atingiram o mercado global do produto, que triplicaram recentemente. Mas tudo isso muda com o ciclone. "É provável que ocorram períodos incríveis de escassez nos próximos 18 a 24 meses", disse Sean Turnell, economista especializado em Mianmar, da Universidade Macquarie da Austrália Antes o maior produtor de arroz do mundo, nas últimas quatro décadas Mianmar viu suas exportações do grão caírem de quase 4 milhões de toneladas para apenas 40 mil toneladas no ano passado - comparado com os projetados 11 milhões de toneladas da vizinha Tailândia. As exportações são tão escassas atualmente que poucos acreditam que o ciclone vai ter algum impacto sobre os preços mundiais de arroz, já que a sua própria população consome a maior parte das 30 milhões de toneladas de arroz que produz. Mesmo que o país precise importar arroz isso não terá muito efeito nos mercados globais, disse Frederic Neumann, economista do HSBC Global Research em Hong Kong. "Não acho que o ciclone (em Mianmar) é suficiente para provocar um outro acesso de pânico e estocagem de alimentos pelos consumidores em todo o mundo, provocando as recentes elevações dos preços", disse Neumann, acrescentando que acredita que os preços continuarão a cair.

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