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Berlusconi tem pressa de governar para tirar a Itália do marasmo

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postado em 08/05/2008 14:33
ROMA - Com pressa para chegar ao poder para tirar a Itália de suas dificuldades, Silvio Berlusconi enviou um primeiro sinal ao país apresentando em tempo recorde a lista com os integrantes de seu gabinete. Ele prestou juramento nesta quinta-feira à tarde diante do presidente da República. Berlusconi apresentará na terça-feira seu programa de governo ao Parlamento e será submetido ao voto de confiança dos deputados na quarta-feira e do Senado, na quinta-feira. Fortalecido por sua confortável maioria obtida nas eleições legislativas de 13 e 14 de abril, "Il Cavaliere", quebrando o protocolo, anunciou na quarta-feira à noite a composição de sua equipe em meio às celebrações por sua nomeação como primeiro-ministro em vez de prolongar as habituais consultas prévias. "Berlusconi inovou. É um sinal, apenas um sinal, mas era o que a opinião pública esperava depois das eleições legislativas. Agora as coisas difíceis começam", ressaltou Stefano Folli, editorialista do jornal econômico Il Sole-24 Ore. Este governo voltou a ter 21 ministros (contra 26 do governo de Romano Prodi) dentre eles quatro mulheres, é composto por grandes aliados do "Cavaliere" e está fortemente voltado para a direita, já que Berlusconi, que retorna pela terceira vez à Presidência do Conselho aos 71 anos, rompeu com os cristãos de centro da UDC nas últimas eleições. Outra conseqüência desta ruptura, a perda de peso dos católicos no novo governo, uma novidade em relação a uma tradição bem arraigada tanto na direita como na esquerda. Para o La Repubblica (esquerda), "um único homem estará no comando" com "um governo feito sob medida". Os dois principais ministros, o das Relações Exteriores Franco Frattini, ex-comissário europeu da Justiça, e o da Economia, Giulio Tremonti, devem grande parte de sua carreira política ao "Cavaliere" e já ocuparam os mesmos postos em seu governo anterior (2001-2006). Silvio Berlusconi também trouxe de volta ao poder seu braço direito e único "alter ego", Gianni Letta, que ocupará o posto-chave de subsecretário da Presidência do Conselho, um cargo de coordenação. Berlusconi conseguiu compensar o peso de seu incômodo aliado da Liga do Norte, um partido regionalista, pró-europeu e contra os imigrantes que obteve quatro postos, com nomeações de representantes da direita mais tradicional provenientes das regiões do sul. "A ampla vitória das legislativas e uma oposição destroçada oferecem a Berlusconi, que formou um governo a sua imagem, margens de manobra quase ilimitadas. Desta vez, não haverá circunstâncias atenuantes porque não poderá culpar aliados por um eventual fracasso", ressalta Massimo Franco, editorialista do Il Corriere della Sera. Os desafios que aguardam Silvio Berlusconi são enormes e urgentes, a começar pela operação de salvação da companhia aérea Alitalia, para a qual prometeu formar um consórcio de investidores italianos após a desistência da Air France-KLM. Ele também terá que convencer Bruxelas de que o empréstimo de urgência de 300 milhões de euros que foi concedido à empresa para evitar sua falência não constitui uma ajuda estatal. Ele também prometeu solucionar a crise do lixo em Nápoles (sul), onde terá simbolicamente seu primeiro conselho de ministros, no momento em que Bruxelas aciona a Corte Européia de Justiça para obrigar as autoridades italianas a resolver o problema de uma vez por todas. Na véspera de sua saída, o ministro da Economia do governo anterior Tommaso Padoa-Schioppa advertiu que a Itália, um dos países mais endividados da Europa e com a economia estagnada, precisará ainda de 10 anos de esforços para sanear suas finanças.

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