postado em 09/05/2008 12:14
WASHINGTON - A aspiração da ex-primeira-dama Hillary Clinton de chegar à Casa Branca e governar os Estados Unidos era possível diante de sua experiência política, mas agora a possibilidade perdeu força frente à Barack Obama, que se tornou símbolo de mudança para os americanos. Já se pede que a senadora de Nova York abandone a corrida pela candidatura democrata urgentemente após as primárias de terça-feira em que perdeu para Obama na Carolina do Norte e ganhou, por pouco, em Indiana.
Durante semanas, a equipe da ex-primeira-dama apostava que os americanos, cansados da prolongada guerra no Iraque, descontentes com a resposta do governo de George W. Bush ao furacão Katrina e receosos perante uma possível recessão econômica, apostariam em sua política trabalhadora e décadas de experiência. No entanto, Obama, a um passo de ser o candidato à presidência democrata, conquistou uma nova geração de jovens eleitores, dominou o voto dos negros e ganhou a simpatia dos brancos acomodados, com sua promessa de renovação das políticas de Washington.
A proposta de Obama se baseia na esperança e a mudança foi vital. Sua posição favorável perante Hillary é consequência de uma inteligente estratégia de captação de delegados e assombrosa arrecadação de fundos. Focar a campanha de Hillary em sua experiência fez sentido, já que não poderia se mostrar como uma alternativa nunca antes vista, pois durante oito anos foi a primeira-dama dos Estados unidos, enquanto seu marido Bill Clinton era presidente. Mas esta decisão a deixou vulnerável a questões sobre se sua experiência como primeira-dama seria relevante para ocupar a Casa Branca.
Obama encontrou um ponto fraco quando perguntou o que importa mais, a experiência ou o juízo, lembrando que Hillary Clinton votou a favor da guerra no Iraque. Outro fator negativo que assombra a senadora é o fato de ter mudado o slogan de sua campanha freqüentemente, enquanto Obama se manteve fiel aos seus: "esperança e mudança". Além disso, a campanha de Obama foi visivelmente mais bem organizada, captando delegados em estados tradicionalmente pouco cortejados, enquanto que Hillary tentou dar o golpe nas primárias dos estados convencionais. "A campanha de Obama foi estrategicamente astuta", disse Julian Zelizer, professor de história da Universidade Princeton.
"Viram como funcionava o sistema das assembléias dos eleitores e como se manejava o sistema proporcional de votos, no qual apesar de perder em um estado pode-se obter delegados", destacou Zelizer. Obama também superou Hillary nas determinantes operações de arrecadação de fundos, através de uma rede de pessoas que doavam as vezes até menos de 100 dólares, e muitas vezes mais.
A senadora teve dificuldades para inserir seu marido na campanha eleitoral e, ainda que a tenha ajudado, foi mais um ponto negativo. Mesmo que perca para Obama, Hillary poderá dizer que foi a mulher que conseguiu ir mais longe em uma corrida política nos Estados Unidos e que ganhou milhões de votos nas primárias.