postado em 09/05/2008 12:23
JERUSALÉM - Os apelos pela renúncia de Ehud Olmert, suspeito de ter recebido suborno, se multiplicavam nesta sexta-feira (09/05) em Israel, enquanto o primeiro-ministro ; que já havia se envolvido em outros supostos casos de corrupção ; se agarra ao cargo. A pressão cresce não só por parte dos partidos de oposição - tanto de direita quanto de esquerda -, mas também do lado trabalhista, aliado do governo. A imprensa, por sua vez, questiona se Olmert seria capaz de reconquistar a confiança dos israelenses, apesar de sua incrível capacidade de sobrevivência política demonstrada no passado.
O secretário-geral do Partido Trabalhista, Eytan Cabel, afirmou na sexta-feira que Olmert deveria renunciar ao cargo, uma vez que "a nova investigação foi a gota d'água". O líder da bancada parlamentar do Likud, Gideon Saar, exigiu a "demissão do governo e a realização de eleições antecipadas". "Diante da gravidade das suspeitas que pesam sobre Olmert, este não é mais capaz de assumir suas funções", afirmou Saar.
A imprensa também se somou à saraivada de críticas. Em sua edição de sexta-feira, o jornal Maariv indagou: "Por que deveríamos acreditar em Olmert, que mais uma vez se vê enredado em assuntos de grandes somas de dinheiro?". O Yediot Aharonot, jornal de grande tiragem, destacou "o impacto sobre a opinião pública da multiplicação das investigações" contra Olmert, mas lembrou que os três primeiros-ministros que o antecederam, Ariel Sharon, Ehud Barak e Benjamin Netanyahu, também foram objeto de acusações semelhantes.
A Autoridade Palestina, que atualmente negocia com o governo de Olmert, expressou seu temor de que a atual crise política leve a "uma escalada das operações militares contra os palestinos" e "coloque o processo de paz entre parênteses". Os Estados Unidos afirmaram que os problemas judiciais de Olmert são assunto interno israelense, que não afetam a visita do presidente George W. Bush a Israel, que deve acontecer na próxima semana.
Ehud Olmert, por sua vez, fez um anúncio dramático ao país na noite de quinta-feira, negando as acusações, mas admitindo ter recebido contribuições financeiras. "Jamais cobrei subornos. Nunca meti nada no bolso", declarou o primeiro-ministro, apesar de reconhecer o recebimento de "contribuições financeiras" para diferentes campanhas eleitorais por parte de um executivo americano. Este seria um judeu chamado Morris Talansky, de 75 anos, que vive em Nova York e supostamente arrecadou centenas de milhares de dólares de diversas fontes para Olmert.
O primeiro-ministro israelense insistiu que os fundos que recebeu "não eram ilícitos". "Se a justiça decidir me condenar, renunciarei", afirmou, após a publicação oficial das suspeitas de corrupção. Segundo comunicado divulgado pelo ministério da Justiça, Ehud Olmert é suspeito de ter recebido de Talansky "somas importantes" e "não autorizadas" durante um longo período de tempo, "quando foi prefeito de Jerusalém e depois ministro do Comércio e Indústria".
O dinheiro teria servido para financiar campanhas eleitorais de Olmert à prefeitura de Jerusalém em 1993, 1998, 1999 e 2002, pelo partido de direita Likud. O primeiro-ministro foi interrogado no dia 1º de maio e deve ser novamente em breve. Há ainda três outras investigações abertas contra ele, a respeito de supostas transações imobiliárias fraudulentas e nomeações políticas irregulares quando era ministro do Comércio e Indústria.