postado em 11/05/2008 21:52
A coalizão de legendas pró-UE liderada pelo Partido Democrático (DS), do presidente Boris Tadic, venceu neste domingo as eleições parlamentares da Sérvia, cruciais para o futuro do país.
Com 34% dos votos já apurados, a Comissão Eleitoral confirmou a vitória do DS, com 36,39% do apoio, enquanto os ultranacionalistas do Partido Radical Sérvio (SRS) obtiveram 28,57%.
Antes da divulgação dos resultados oficiais, o Centro para as Eleições Livres e a Democracia (Cesid) anunciou que a lista pró-UE liderada por Tadic obteve 39% dos votos segundo pesquisas de boca-de-urna. Estas mesmas sondagens davam aos nacionalistas 28,6% dos votos.
O presidente Tadic declarou, após conhecer os primeiros resultados que lhe davam a vitória, que "os cidadãos da Sérvia confirmaram sem ambigüidades o rumo europeísta do país e disseram que querem que a Sérvia se encontre o mais rápido possível na UE. Nós cumpriremos isto. Esta foi nossa promessa".
Kosovo
"Outro objetivo estratégico é a preservação da integridade territorial do país. Não reconheceremos Kosovo, lutaremos pela integridade com todos os meios pacíficos e diplomáticos", declarou Tadic em entrevista coletiva na sede de seu partido.
Ele reivindicou a vitória e agradeceu aos cidadãos sérvios pelo "alto grau de responsabilidade, apesar dos grandes desafios" que a Sérvia enfrenta após a proclamação unilateral da independência de Kosovo, em fevereiro passado.
Também afirmou que "não é hora para festejar" e que está preparado para "iniciar já esta noite" as negociações sobre a formação de um novo governo, uma tarefa que os analistas prevêem difícil.
De fato, o líder do nacionalista SRS, Tomislav Nikolic, advertiu Tadic que não se atribua a vitória e anunciou que entrará em contato com outros partidos, especialmente os socialistas e com o Partido Democrático da Sérvia, do atual primeiro-ministro Vojislav Kostunica, para tentar formar uma equipe de governo.
O pleito de hoje foi convocado de forma antecipada diante do desacordo entre os membros da coalizão governamental sobre a vinculação ou não da proclamação da independência de Kosovo com o processo de aproximação da Sérvia à União Européia (UE).
Cisão
A Sérvia, que desde a derrota do líder autoritário Slobodan Milosevic em 2000 parecia unida em torno do objetivo de ingressar na UE, se partiu em duas diante do apoio de muitos países europeus a Kosovo apesar da oposição de Belgrado.
O partido de Kostunica se situou na terceira posição, com 11,6% dos votos.
Segundo este resultado, o partido de Kostunica, um pró-europeu que desde o ano passado compartilhava o governo com o DS, mas que se transformou em um implacável crítico da União Européia (UE), poderia dispor de 30 cadeiras em um futuro Parlamento.
Logo depois aparece o Partido Socialista da Sérvia (SPS), fundado por Milosevic, que obteve 8%, ou 21 cadeiras, e que é considerado uma das surpresas destas eleições.
Também entrará no Parlamento o Partido Liberal-Democrático (LDP), com pouco mais de 5% de votos, o equivalente a 13 cadeiras.
Cerca de 6,7 milhões de cidadãos com direito a voto tinham que escolher hoje os 250 deputados do Parlamento entre candidatos de 22 partidos e coalizões, quase a metade deles das minorias.
Foi registrada uma alta participação, de 60,7% do censo eleitoral, ou 4,1 milhões de eleitores em números absolutos, dado que confirma um alto interesse dos cidadãos por estas eleições.