postado em 13/05/2008 16:01
DBAIYE - No porto de Dbaiyé, ao norte de Beirute, os elegantes iates estão sendo utilizados como meio de transporte pelos ricos que fogem do Líbano, abalado pela onda de violência mais sangrenta desde o fim da guerra civil (1975-1990). "Uma viagem de ida para o porto cipriota de Lanarca custa US$ 1,5 mil por pessoa", informou o diretor de uma companhia de navegação.
"A demanda não pára de aumentar desde sábado", afirmou o empresário, que não quis ser identificado. Na noite de segunda-feira, 200 pessoas chegaram a Lanarca a bordo de 18 barcos.
Partidários da oposição e do governo se enfrentam desde o dia 7 de maio no Líbano. A violência já deixou 62 mortos e cerca de 200 feridos em todo o país. Desde aquele dia, militantes do Hezbollah, o poderoso partido xiita de oposição, bloqueiam o acesso ao aeroporto de Beirute, e partidários da maioria governamental bloqueiam a estrada principal para a Síria. Já o porto de Beirute mantém fechadas suas atividades desde sexta-feira.
Fuga confortável
A companhia de cruzeiros realiza duas viagens por dia para Larnaca, a partir de uma marina privada em Dbaiyé. O trajeto dura cerca de seis horas, para uma distância de 210 km. "Exigimos metade do pagamento no momento da reserva e só deixamos o porto quando o barco está cheio", explicou o diretor.
"Não utilizamos a capacidade máxima do iate, de 50 pessoas, mas apenas os 16 assentos, para o conforto dos passageiros", afirmou. Até a semana passada, ricos libaneses ou turistas, principalmente russos, utilizavam estes iates para passear ao longo das costas libanesas ou para ir ao balneário de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho.
Apesar da situação, muitas pessoas também fazem o trajeto inverso. "São principalmente jornalistas, pessoas obrigadas a voltar por um ou outro motivo ou ministros retornando de missão oficial", declarou o empresário.
Diante da situação, a embaixada de Chipre facilita ao máximo a passagem dos libaneses por seu território. "Fazemos o máximo para entregar os vistos em 24 horas, ou até menos em caso de emergência", afirmou um responsável pelo serviço dos vistos, ressaltando que "a demanda aumentou nos dois últimos dias".