postado em 14/05/2008 09:33
Rangum - Uma nova tempestade segue na direção do devastado delta do Rio Irrawaddy. A Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu nesta quarta-feira (14/05) para a possibilidade de uma segunda onda de mortes entre os cerca de 2 milhões de sobreviventes do ciclone Nargis que atingiu Mianmar em 3 de maio. O Centro Conjunto de Alerta de Tufões, mantido pelo Exército dos Estados Unidos, previu grande probabilidade de "um ciclone tropical de proporção significativa" formar-se nas próximas 24 horas e atingir o delta do Irrawaddy.
A passagem do Nargis pela região deixou 34.273 mortos e 27.838 desaparecidos, segundo números oficiais divulgados pela junta militar birmanesa. A ONU acredita que o número de mortos pode ter ultrapassado os 100 mil. Estima-se que haja de 1,5 milhão a 2 milhões de flagelados, mas as agências da ONU e grupos humanitários independentes conseguiram entregar até o momento ajuda suficiente para apenas 270 mil pessoas.
Num indício de que o governo birmanês pode estar mudando de idéia e passando a aceitar a presença de agentes humanitários estrangeiros, o doutor Thawat Sutraracha, do Ministério da Saúde da Tailândia, disse hoje que uma junta médica tailandesa recebeu autorização para visitar a área atingida pelo ciclone.
Caso a equipe médica consiga chegar à região dentro do previsto, na sexta-feira, será a primeira vez que um grupo estrangeiro de ajuda humanitária visita o delta desde a passagem do Nargis.
"O governo tem a responsabilidade de ajudar seu povo quando acontece um desastre natural", disse Amanda Pitt, porta-voz da Agência de Coordenação Humanitária da ONU, conhecida pelas iniciais Ocha. "Estamos aqui para fazer o que pudermos, facilitar os esforços e incrementar a resposta à catástrofe. Não queremos ver uma segunda onda de mortes como resultado de a ajuda não ter sido incrementada", declarou ela.
A notícia referente à previsão de um novo ciclone não foi divulgada pela mídia estatal birmanesa. Em Rangum, no entanto, os moradores ouviram a notícia em transmissões feitas a partir do exterior e na internet.