Mundo

Claude Lanzmann declara aberto 61º Festival de Cannes

Festival é aberto com o filme Blindness do brasileiro Fernando Meirelles

postado em 14/05/2008 16:17
CANNES - O cineasta francês Claude Lanzmann, diretor do documentário Shoah, declarou oficialmente aberto 61º Festival de Cannes, marcado pela exibição de Blindness, do diretor brasileiro Fernando Meirelles. Lanzmann parabenizou os organizadores, que "fizeram deste Festival um lugar único do planeta cinema e nos fizeram conhecer a imensa diversidade e a imensa riqueza do cinema dos cinco continentes". "Como existe apenas uma humanidade, há apenas um cinema", disse, lançando um "Viva" à "diversidade interminável e à unidade indestrutível do cinema". Anteriormente, Meirelles, cercado pelo elenco do filme, entre eles a brasileira Alice Braga, foi aplaudido por um longo tempo ao entrar na sala. O cineasta brasileiro brincou junto às escadarias do palácio de exibição, afirmando que "para inaugurar um festival cinematográfico, é preciso dizer que um filme sobre a cegueira é interessante". Compareceram à cerimônia de abertura do festival inúmeras estrelas, como os americanos Dennis Hopper, Faye Dunaway e Eva Longoria, a australiana Cate Blanchett, assim como todos os membros do jurado, entre eles o americano Sean Penn, Natalie Portman e o diretor mexicano Alfonso Cuarón. Blindness Blindness conta a história de uma grande cidade não definida em que ocorre uma estranha epidemia de cegueira. Os primeiros doentes, personagens sem nome e quase sem história pessoal (como no romance de Saramago) são isolados por medo e contágio e devem viver por sua própria conta em uma sociedade de cegos em que apenas uma mulher consegue ver (Julianne Moore), esposa do oftalmologista (Mark Ruffalo). Nessa micro-sociedade isolada, os vínculos sociais normais desaparecem rapidamente, desencadeando uma luta pela sobrevivência onde a lei do mais forte se impõe. Diante do oculista cego que tentava organizar uma sociedade de cooperação, o "rei do dormitório três" (Gael García Bernal) impõe a venda de comida e a exploração das mulheres. A violência se generaliza e os explorados se rebelam. E quando o local é aberto, os cegos encontram no exterior uma cidade devastada pela mesma epidemia, um caos insustentável, que apenas são vistos realmente pelos olhos da esposa do médico. Metáfora da sociedade humana, de um suspense angustiante, o filme de Meirelles faz do espectador uma testemunha da violência e o convida a refletir sobre o ser humano e seus mais baixos instintos, além da sua capacidade de amar e seu senso de responsabilidade.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação