Jornal Correio Braziliense

Mundo

Cannes celebra Maio de 68 sem Carlos Saura

;

CANNES - O Festival de Cannes começa a celebrar Maio de 68 com a exibição nesta quinta-feira (15/05) de Pippermint Frappé, do espanhol Carlos Saura, interrompido há 40 anos por um grupo de cineastas solidários aos estudantes e trabalhadores em greve. Uma indisposição obrigou o diretor aragonês a cancelar na última hora sua viagem a Cannes para assistir a esta exibição, indicou seu filho e produtor Antonio Saura. A organização do festival confirmou que recebeu uma carta de Carlos Saura na qual se desculpava por não poder comparecer. No dia 18 de maio de 1968, durante a 21ª edição, no momento que a revolta estudantil estava em pleno apogeu em Paris, um grupo de cineastas da Nouvelle Vague liderados por Jean-Luc Godard e François Truffaut decidiu interromper o festival, que era realizado no histórico Palácio de la Croisette, transformado mais tarde em um hotel que hoje serve de sede para a Quinzena dos Realizadores. Para isso se agarraram às cortinas da tela quando a exibição de Pippermint Frappé estava a ponto de começar na presença de Carlos Saura, da atriz Geraldine Chaplin e do produtor Elías Querejeta. O próprio diretor espanhol pediu aos organizadores que não exibissem seu filme para que o cinema "deixasse a revolução passar". No dia seguinte, o festival declarava oficialmente o encerramento da edição. A Quinzena dos Realizadores celebra seus 40 anos nesta edição. Durante a sessão Cannes Classics, estão previstas as exibições de outros quatro filmes que estavam no programa do festival em 1968, entre eles 13 dias na França, de Claude Lelouch.