postado em 15/05/2008 14:54
Port Harcourt - Cerca de 800 mil moradores foram retirados à força de suas casas na capital da Nigéria, Abuja, num intervalo de quatro anos. A denúncia foi feita hoje pelo Centro de Direitos de Moradia e Despejos, grupo sediado na Suíça. Os expulsos deram espaço para o desenvolvimento na cidade, que cresce rapidamente. Muitos dos retirados entre 2003 e 2007 não receberam notificação apropriada ou outros direitos comuns aos despejados. Alguns sofreram com bombas de gás lacrimogêneo ou foram agredidos para que deixassem suas casas, informou o relatório da organização suíça.
O grupo pediu ao governo nigeriano que interrompa esse tipo de ação. Segundo a entidade, muitos nigerianos estão sendo empurrados para a pobreza por causa desses atos. "Esses despejos generalizados e contínuos resultaram na massiva perda de moradia para centenas de milhares de pessoas, com um efeito desastroso para a saúde, a educação, o emprego e a coesão familiar", avaliou o centro. O trabalho foi realizado em conjunto com o Centro de Ação Social e de Direitos Econômicos da Nigéria. "A Nigéria violou o direito à moradia adequada em uma escala e com uma persistência que é dificilmente vista em qualquer outro lugar do mundo", denunciou o texto. Autoridades nigerianas ainda não haviam se pronunciado sobre as acusações.
Na década de 1970, a Nigéria começou a planejar a mudança de sua capital da inchada cidade de Lagos, no sul do país, para uma outra, na região central do país. Como Abuja cresceu com os anos, começou a chegar a comunidades da região, e os funcionários encarregados do planejamento em 2003 começaram a utilizar o reassentamento forçado para permitir o desenvolvimento.
O país de 140 milhões de pessoas agora se orgulha de sua capital. Abuja é melhor organizada e muito menos congestionada e afetada pela criminalidade que muitas das outras áreas metropolitanas. Muitos naturais de Abuja hoje vivem em favelas lotadas, perto do limite do que atualmente é conhecido como Território da Capital Federal. Dentro dessa área, os valores das propriedades e aluguéis estão bastante acima do padrão do nigeriano médio. Os despejados pedem há anos compensações do governo.