postado em 17/05/2008 15:16
DOHA - Os representantes da maioria e da oposição libanesas, reunidos em Doha para tentar tirar o país da crise, decidiram neste sábado (17/05), por falta de acordo, adiar o debate da questão do armamento do movimento xiita Hezbollah.
Após um debate agitado durante o qual os líderes da maioria anti-síria exigiram a inclusão deste tema espinhoso na agenda, as autoridades do Qatar precisaram entrar em ação para adiar a análise da questão das armas, passando a outros pontos das negociações, segundo uma fonte libanesa, que pediu anonimato.
Os 14 dirigentes libaneses presentes na conferência aceitaram deixar a cargo do Qatar a elaboração de um acordo de compromisso sobre o tema."O primeiro-ministro do Qatar (xeque Hamad Ben Jassem Ben Jabr Al Thani) nos propôs voltar com uma proposta sobre a questão das armas para apresentá-la às duas partes", disse a fonte.
A maioria anti-síria impôs como condição prévia a qualquer discussão um "compromisso solene" do Hezbollah a não utilizar as armas contra os libaneses. O partido xiita se recusou a abordar o tema de seu armamento antes da formação de um governo de união nacional. O Hezbollah é a única milícia libanesa que não entregou as armas ao governo depois do acordo de reconciliação de Taef (Arábia Saudita) em 1989, para prosseguir com sua luta contra a ocupação israelense no sul do Líbano.
Acordo
A conferência interlibanesa, iniciada na sexta-feira, pretende concretizar o consenso negociado pelo Qatar e a Liga Árabe para retirar o Líbano da crise. Vários dias depois da onda de violência, que em uma semana deixou 65 mortos e 200 feridos, a maioria parlamentar anti-síria e a oposição aceitaram na quinta-feira retomar o diálogo para formar um governo de união nacional. Os dois lados aprovaram um acordo de seis pontos, graças à mediação da Liga Árabe. O governo libanês esperava abordar a questão do arsenal do Hezbollah neste sábado, mas uma fonte da oposição afirmou que o tema terá que ficar para mais tarde.
O Líbano está sem presidente desde novembro de 2007. A candidatura do general Sleimane é apoiada pelos dois lados, mas o Parlamento não conseguiu se reunir para eleger o militar por causa da crise. A violência explodiu depois que o governo anunciou medidas contra a influência do Hezbollah. Diante da crise, o governo desistiu das mesmas.