postado em 18/05/2008 15:02
Cannes - É a pergunta que todo fã de Indiana Jones se faz e ela, com certeza, foi formulada ao diretor que veio apresentar no 61.º festival o quarto filme da série - por que demorou tanto para atender à demanda dos tietes do dublê de arqueólogo e aventureiro, que, desde "A Última Cruzada", clamavam por ver Harrison Ford empunhar de novo o chicote.
Antes de saber a resposta, é bom acabar logo com o suspense e antecipar o que o público pode esperar de "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal", que estréia na quinta-feira (22/05) nos cinemas brasileiros. O filme não é tão bom quanto "Indiana Jones e o Templo da Perdição" - o segundo da série continua sendo o melhor, mas só mesmo de muito mau humor alguém deixará de se divertir com "A Caveira de Cristal".
O filme começa meio hesitante, mas este pode ter sido um partido de Spielberg e do produtor George Lucas para assinalar a passagem dos anos. É como se Indy, como o próprio Ford, estivesse meio enferrujado. O desfecho também pode ser meio anticlimático porque há toda uma corrida ao ouro para concluir que o maior tesouro que o homem pode adquirir, ou manter, é o conhecimento. Mas o miolo é muito bom e, quando a ação engrena, você pode relaxar e esbaldar o Id no escurinho do cinema.
Respostas
De volta à pergunta, Spielberg disse que Lucas nunca deixou de lhe cobrar a quarta aventura de Indiana Jones. No intervalo, ele andou fazendo outros filmes e, nos últimos anos, mergulhou no que definiu como ;fase sombria;, marcada pela admirável trilogia que marcou sua plena maturidade como autor, além de fornecer, sem referência aparente, o painel mais crítico sobre os EUA da era Bush - "O Terminal", "Guerra dos Mundos" e "Munique".
Nos últimos tempos, cobrado pelo público, Spielberg sentiu que devia a si mesmo um pouco de movimento. Lucas tinha sempre no bolso a história da caveira de cristal. Diversos diretores foram chamados a palpitar, entre eles M. Night Shyamalan. Quando encontrou o roteiro certo, Spielberg convenceu-se de que valeria a pena retomar o herói que não dispensa o chapéu e cuja arma é o chicote (além do cérebro, afinal, é um professor).
Ainda era preciso convencer Ford, mas isso até que não foi tão difícil. "Steven é muito importante na minha vida, como amigo e como diretor. O que eu posso dizer é que nestes 20 anos ele ficou ainda melhor." Ford é aquilo que se chama de ;celebridade;, mas ele se recusa a jogar o jogo - "Sempre me considerei ator, não um astro." Da mesma forma, quando se pergunta por que ele continua insistindo em fazer os stunts, dispensando os dublês, sua resposta vem direta - "Não creio que sejam stunts. Para mim, as ações físicas fazem parte da interpretação do personagem."