postado em 18/05/2008 19:12
JOHANNESBURGO - Pelo menos 12 pessoas morreram em uma série de ataques violentos contra imigrantes desde sexta-feira (16/05) em Johannesburgo, a capital econômica da África do Sul, informou neste domingo (18/05) a polícia. "De sexta-feira até hoje, 12 pessoas morreram", declarou à AFP o policial Govindsamy Mariemuthoo, ao ser questionado sobre a onda de violência que começou no domingo passado e que se intensificou neste fim de semana.
"Aconteceram centenas de detenções", acrescentou. A violência deste domingo foi centrada no centro da cidade e na zona leste. A polícia utilizou balas de borracha para dispersar os grupos que tentavam atacar os estrangeiros e conseguiu apaziguar a situação no momento. "Condenamos os ataques e continuaremos mantendo a ordem nas áreas afetadas, onde as forças policiais são numerosas", disse Mariemuthoo. Um balanço anterior registrava seis mortes e 50 feridos em Johannesburgo.
Machados e armas de fogo
Os estrangeiros, em particular os zimbabuanos que fogem da violência pós-eleitoral de 29 março, são os alvos dos ataques dos grupos armados com machados e armas de fogo nos bairros mais pobres de Johannesburgo. "Muitos estrangeiros foram atacados e a maior parte dos danos aconteceu em propriedades de estrangeiros", afirmou a porta-voz da polícia, Cheryl Engelbrecht.
O presidente sul-africano, Thabo Mbeki, anunciou neste domingo a criação de uma comissão para examinar os ataques racistas e pediu à polícia uma atuação firme contra os agressores. "Esperamos que a comissão e a polícia trabalhem juntas e nos ajudem a encontrar o que há por trás de tudo isto", afirmou.
O presidente do Congresso Nacional Africano (ANC), Jacob Zuma, também condenou os atos violentos, os mais graves desde o início dos distúrbios, no dia 11 de maio, no subúrbio pobre de Alexandra. "Não podemos permitir que a África do Sul seja conhecida pela xenofobia", declarou. Nos últimos anos, a maior parte dos imigrantes na África do Sul veio do Zimbábue. De acordo com as autoridades, três milhões de zimbabuanos cruzaram a fronteira.