postado em 19/05/2008 12:20
Cerca de 100 países participam da reunião que tem como objetivo concluir um histórico compromisso para acabar com as bombas de fragmentação. Em mensagem de vídeo, na abertura do encontro de 12 dias, o chefe da ONU pediu que os delegados "acabem com os horrores" causados pelas bombas de fragmentação, culpadas pela morte e mutilação de milhares de civis, declarando as mesmas ilegais. "Espero que sejam ousados e visionários em suas deliberações", exortou o representante máximo da ONU aos delegados.
O ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Micheal Martin, que abriu oficialmente a conferência, mencionou as milhares de vítimas que estas armas fragmentárias deixaram e pediu sua proibição. "Devemos (este acordo) aos sobreviventes destas munições fragmentárias, para aliviar sua dor e dar a eles esperança", declarou Martin. "Devemos dar à humanidade a garantia de que não haverá mais vítimas inocentes destas bombas", declarou o chanceler irlandês aos delegados dos 109 países que participam desta reunião.
Mas Estados Unidos, China, Rússia, Índia, Paquistão e Israel ; que continuam se opondo à proibição dessas armas, considerando que são legítimas porque estão cobertas pela legislação internacional ; são os grandes ausentes desta conferência de 12 dias, que será concluída no dia 30 de maio. As organizações humanitárias esperam fortes debates e já alertaram para qualquer tentativa de suavizar o texto final, ressaltando que um acordo sem ambigüidades teria o mesmo alcance histórico que a Convenção de Ottawa, que proibiu as minas terrestres em 1997.
Os apelos pela proibição das bombas de fragmentação se intensificaram depois do conflito no Líbano, que deixou aproximadamente um milhão destas bombas espalhadas pelo país. Segundo relatório da Handicap Internacional, 98% das vítimas deixadas pelas bombas de fragmentação ; que foram utilizadas no Iraque e no Líbano ; são civis. Estados Unidos e Rússia têm grandes reservas dessas armas, que podem permanecer ativas sem explodir durante anos.
A conferência de Dublin faz parte do processo iniciado em fevereiro de 2007 em Oslo, onde 46 países aprovaram uma declaração comum pedindo a proibição da "utilização, produção, transferência e armazenamento" de bombas de fragmentação antes de 2008.