postado em 21/05/2008 17:42
BUENOS AIRES - A Grã-Bretanha pediu desculpas à Argentina por ter omitido informações, durante 22 anos, relacionadas à descoberta nas Ilhas Malvinas dos restos de um militar argentino morto durante a guerra de 1982, revelou uma fonte diplomática britânica nesta quarta-feira (21/05) à AFP.
A carta de desculpas foi entregue ao vice-chanceler argentino Victorio Taccetti pelo embaixador britânico em Buenos Aires, John Hughes, no dia 7 de maio, disse a fonte diplomática.
O documento leva a assinatura da ministra para Territórios de Ultramar da Chancelaria britânica, Meg Munn que, além de pedir desculpas, ofereceu ao governo argentino sepultar os restos com honras militares no cemitério de Darwin (povoado no centro das Malvinas), onde estão enterrados os soldados argentinos mortos na guerra de 1982.
"Trata-se de um osso de uma perna que foi encontrado em uma praia, junto a restos de um uniforme com as características do usado por pilotos de avião argentinos durante a guerra das Malvinas", disse a fonte à AFP.
Os restos foram encontrados em fevereiro de 1986, mas permaneceram na central de Polícia das Malvinas até o final de abril, quando foram levados para a base militar britânica de Monte Agradable, onde estão num ataúde coberto por uma bandera argentina.
Desconforto diplomático
Em território argentino será realizado um exame de DNA que permita revelar a identidade do militar, disse uma fonte governamental de Buenos Aires à AFP. A chancelaria argentina manifestou em nota sua consternação pela insólita demora na notificação da descoberta dos restos mortais e pediu a Londres que esclareça o episódio e identifique seus responsáveis.
Durante a guerra vencida pela Grã-Bretanha, aviões argentinos caíram na zona onde foram encontrados os restos humanos, em uma praia da Ilha Soledad, o que reforçou a hipótese de que pertençam a um piloto de combate.
Buenos Aires reivindica a Londres a devolução do arquipélago desde que tropas britânicas o ocuparam em 1833 e expulsaram os habitantes argentinos. A última ditadura argentina (1976-1983) tentou recuperar as ilhas à força em 1982, mas perdeu a guerra de 74 dias durante a qual morreram 649 soldados argentinos e 259 britânicos.