postado em 21/05/2008 20:09
No dia em que a polícia da África do Sul elevou para 42 o número de imigrantes mortos nos ataques xenófobos em Johannesburgo, o governo confirmou ter mobilizado o Exército para controlar a onda de violência. Na véspera, o número oficial de mortos era 24.
Sul-africanos pobres culpam os imigrantes pela falta de empregos e de moradia e também por inflamar a violência nas grandes cidades. Segundo a polícia, mais de 400 agressores já foram presos ;Serão enviados equipamentos e soldados para apoiar as ações das forças de segurança;, disse Sally de Beer, porta-voz da polícia.
Nesta quarta-feira (21/05), veículos blindados patrulhavam favelas na periferia de Johannesburgo. Os ataques contra estrangeiros - principalmente do Zimbábue e de outros países vizinhos - tiveram início na semana passada e já obrigaram mais de 16 mil imigrantes a abandonarem suas casas e se refugiarem em igrejas e delegacias. Centenas foram espancados carbonizados ou violentados.
Apesar da situação ter se acalmado hoje, muitos estrangeiros continuavam a deixar suas casas e até voltar para seus países. "Temos de fugir, não é seguro aqui", disse a zimbabuana Amelia. Dos cerca de 5 milhões de imigrantes na África do Sul, 3 milhões são do Zimbábue, país que vive uma profunda crise política e econômica.
No bairro de Primrose, dezenas de sul-africanos carregavam pedaços de metais de casas de imigrantes destruídas. "Vamos vender isso tudo e tomar o emprego deles. Eles (estrangeiros) trabalham por muito pouco e os sul-africanos precisam de dinheiro", disse Nomsa Nini, que vendeu um carrinho de destroços pelo equivalente a US$ 6,50. Em uma indicação de que os confrontos estão se espalhando para outras regiões do país, seis imigrantes foram feridos hoje em Durban, na Província de KwaZulu-Natal, durante ataque a um bar cujo proprietário é nigeriano.