O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou o seu discurso na abertura da Reunião Extraordinária de Chefes de Estado e de Governo da União Sul-Americana de Nações (Unasul), que se realiza nesta sexta-feira (23/05) em Brasília, ressaltando o fato de todos os presidentes terem sido eleitos em pleitos democráticos com participação popular. Ele destacou a importância de desenvolvimento em bases sustentáveis e ressaltou a importância de ampliação da integração entre os países, sobretudo nas áreas de infra-estrutura, energética e comercial.
O presidente afirmou também estar convencido da necessidade de aumentar a integração na área da defesa e que, por isso, recomendou a seu ministro de Defesa, Nelson Jobim, que realizasse consultas para a formação do conselho sul-americano de defesa. Ponderou, porém, que essa posição de defesa deve ser baseada em princípios comuns, como o respeito a soberania. Ao abrir oficialmente o evento, pouco depois das 11 horas, Lula saudou o presidente do Peru, Alan García, que faz aniversário hoje. Também acrescentou que hoje ele completa 34 anos de casado.
Integração energética
Lula também falou de um plano de ação "com metas concretas e alcançáveis" na integração energética da América Sul. O presidente sugeriu também parcerias em setores estratégicos, citando indústria aeronáutica, construção naval, medicamentos e equipamentos militares. O presidente disse ver nessas parcerias e setores "mecanismos abrangentes e estruturais para superar as assimetrias de nossos países"
"Queremos avançar rapidamente com projetos inovadores e de longo alcance em áreas prioritárias como integração financeira e energética, melhoria da infra estrutura regional e das conexões rodoviárias e ferroviárias, estabelecimento de uma vigorosa agenda de cooperação em políticas sociais, fortalecimento da cooperação educacional", enfatizou
O presidente da República destacou a necessidade de trocas comerciais justas e equilibradas. "Precisamos fazer do comércio um instrumento de crescimento econômico e progresso social, em prol sobretudo dos mais pobres", declarou, defendendo a criação de cadeias produtivas entre as empresas estatais e privadas do continente.
Biocombustível
Lula aproveitou a presença de 11 presidentes latino-americanos - o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, foi representado pelo vice - para rebater as críticas de instituições e governos dos países ricos à produção de etanol. "Não nos deixemos iludir tampouco pelos argumentos daqueles que, por interesses protecionistas ou motivações geopolíticas, se sentem incomodados com o crescimento da nossa indústria e da nossa agricultura e com e a realização do nosso potencial energético", alertou.
Segundo o presidente brasileiro, o continente sul-americano atravessa um momento de excelente conjuntura econômica e social. "A América do Sul vive um momento de excepcional crescimento, com redução da pobreza e da desigualdade. Criamos as condições para um crescimento sustentável, que nos tem permitido enfrentar a atual instabilidade econômica mundial", proclamou. "Nossa região torna-se um interlocutor cada vez mais indispensável na medida em que o mundo se vê diante da necessidade de compatibilizar segurança alimentar, suprimento energético adequado e preservação do meio ambiente", sublinhou.
O presidente frisou que, "quando a escassez de alimentos ameaça a paz social em muitas partes do mundo, é em nossa região que muitos vêm buscar propostas", enfatizando que "uma América do Sul unida mexerá com o tabuleiro do poder no mundo". O presidente brasileiro, sem mencionar os conflitos entre Venezuela, Colômbia e Equador originados pela atuação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o presidente brasileiro disse que são passageiros e não devem se sobrepor ao processo de integração.
A abertura já foi encerrada e os chefes de Estados foram para o almoço. Uma coletiva com a imprensa está prevista para o começo da tarde.