postado em 23/05/2008 20:00
Union City, EUA - O candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, John McCain, rejeitou nesta quinta-feira o apoio de dois famosos pastores evangélicos, que têm programas na televisão norte-americana, por declarações polêmicas que eles fizeram no passado. O reverendo John Hagee, cujo apoio McCain cortejou e obteve, disse numa gravação que Deus havia mandado o ditador Adolf Hitler para ajudar os judeus a chegarem à terra prometida.
McCain também rejeitou o apoio de outro pastor, o reverendo Rod Parsley, um crítico ferrenho do Islã. A campanha de McCain contava com o apoio dos dois evangélicos para obter o voto dos religiosos conservadores. "Certamente, eu acho que as declarações são profundamente ofensivas e indefensáveis, e eu as repudio. Eu não tinha conhecimento das declarações quando o reverendo Hagee anunciou seu apoio à minha candidatura, e acredito que devo rejeitar o seu apoio," disse McCain, num comunicado divulgado ontem.
Nesta sexta (23/05), Hagee respondeu e disse que seu "trabalho de uma vida inteira" foi atacado e distorcido pela polêmica. Ele disse que de nenhuma maneira perdoa o Holocausto ou o "monstro Adolf Hitler." Hagee disse: "Trabalhei, incansavelmente, para eliminar o pecado do anti-semitismo do mundo cristão e garantir a sobrevivência do Estado de Israel." Ele confirmou que retira o apoio a McCain.
Hagee tem opiniões que eram muito conhecidas antes de ele anunciar o apoio a McCain. Ele referiu-se à Igreja Católica Romana como "a grande preocupação" e chamou-a de "um sistema falso de culto". Ele também sugeriu ligações entre a Igreja Católica e o anti-semitismo. Hagee disse que o Furacão Katrina, que devastou Nova Orleans em 2005, foi a retribuição de Deus pelo "pecado do homossexualismo".
Islã
O outro pastor evangélico que apoiava McCain, o reverendo Rod Parsley, de Ohio, é um crítico ferrenho do Islã, religião que ele definiu como "inerentemente violenta". McCain recebeu uma série de críticas pelo apoio dos dois pastores evangélicos, consideradas semelhantes às críticas que o pré-candidato democrata Barack Obama levou por causa das declarações do seu ex-pastor Jeremiah Wright.
O comentário fatal de Hagee foi feito num sermão no fim da década de 1990, que foi postado na semana passada na internet. Ele disse: "Então, Deus enviou um caçador. Um caçador é alguém com uma arma, e ele te força a fazer algo necessário. Como isso aconteceu? Por que Deus permitiu que acontecesse. Por que isso aconteceu? Por que Deus disse: 'Minha principal prioridade para o povo judeu é permitir que ele volte à terra de Israel'."
O outro pastor, Parsley, descreveu o Islã como "uma religião anticristã," e o profeta do Islã, Maomé, como "o porta-voz de uma conspiração da maldade espiritual". Parsley disse que Alá (Deus, em árabe) é um "espírito demoníaco". McCain disse que rejeita totalmente os comentários de Parsley. "Eu não conhecia esses comentários do reverendo Parsley quando ele anunciou seu apoio à minha candidatura. Eles entram em contraste direto com minhas crenças," disse McCain.
Nesta sexta, McCain tentou reduzir as preocupações de que ele é muito velho para ser presidente dos EUA. O senador abriu à imprensa seu histórico médico, e os dados revelaram que McCain, que teve três cânceres de melanoma, um dos mais violentos tipos de tumores de pele, está livre da doença. Os exames mostram que, além de aparentemente livre da enfermidade, o senador tem um coração forte e a saúde geral é boa. McCain completará 72 anos em agosto.