postado em 23/05/2008 20:31
Cidade do Cabo, África do Sul - A violência contra imigrantes, que teve início há duas semanas na periferia de Johannesburgo e já deixou 43 mortos, espalhou-se nesta sexta-feira (23/05) até a Cidade do Cabo - capital legislativa da África do Sul -, no litoral sul do país. Um somali foi morto e mais de 15 agressores foram presos em confrontos. A polícia retirou 420 imigrantes das favelas da cidade para evitar novos conflitos. Dezenas de lojas e casas foram destruídas. "Conseguimos estabilizar a área por volta das 2 horas. Agora, há 200 policiais e membros da Guarda Nacional no local", disse o chefe da polícia, Billy Jones, à CNN.
Os imigrantes foram retirados da periferia da Cidade do Cabo em ônibus da prefeitura e levados para centros comunitários e igrejas. Eles fugiram depois de terem sido ameaçados por multidões - que se formaram após um encontro no qual se buscava formas de aliviar a tensão. Segundo Jones, o somali - cujo nome não foi divulgado - foi morto ao ser atropelado por um carro, quando tentava fugir de um grupo armado com facões. Outros 12 imigrantes ficaram feridos.
Os ataques contra estrangeiros - especialmente de países vizinhos como Zimbábue e Moçambique - já obrigaram 28 mil a abandonar suas casas. Muitos estão retornando para seus países. A leva de imigrantes de volta para casa fez com que o governo de Moçambique decretasse hoje estado de emergência e liberasse verba extraordinária para lidar com a situação. O chanceler Oldemiro Baloi disse que a decisão foi tomada após 10 mil moçambicanos terem voltado da África do Sul.
Só ontem, 620 moçambicanos chegaram a Maputo, vindos de Johannesburgo. Para Baloi, "o êxodo vai piorar" quando milhares de pessoas em fuga conseguirem encontrar um meio de transporte para retornar ao país. Muitos sul-africanos pobres acusam os estrangeiros de roubar empregos, provocar a falta de moradia e fomentar a violência nas grandes cidades. Há cerca de 5 milhões de imigrantes na África do Sul - 3 milhões são zimbabuanos.
Organizações
Organizações humanitárias informam agora a preocupação com um novo risco para os imigrantes: doenças contagiosas espalham-se pelos acampamentos onde eles estão abrigados.
A ativista Bianca Tolboom, da organização não-governamental (ONG) francesa Médicos Sem Fronteiras, disse que os campos estão superlotados e há dificuldades no acesso à água potável. "Algumas pessoas ficam ao ar livre, sem agasalhos. Uma das principais preocupações são epidemias de doenças respiratórias, infecções e diarréia", disse.