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Após terremoto, China altera 'política do filho único'

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postado em 26/05/2008 15:27
Os pais cujos filhos foram mortos ou mutilados pelo terremoto que atingiu a China poderão ter outro filho. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (26/05) por funcionários encarregados de administrar a política do filho único em parte da região atingida, como uma forma de oferecer algum consolo aos casais em luto. Caso o único filho tenha sido morto, esteja gravemente ferido ou mutilado, os pais podem conseguir uma autorização e então ter um novo bebê. O anúncio foi feito pelo Comitê de Planejamento Familiar e Populacional de Chengdu, que monitora a política sobre esse tema na capital da província de Sichuan. O terremoto do dia 12 de maio causou ainda mais dor para muitos chineses pelo fato de eles terem perdido o único filho. A destruição de quase 7 mil salas de aula durante um dia letivo deixou o país entristecido, com dezenas de fotos de jornais enfocando mochilas de alunos perto de escombros e pequenas mãos surgindo da destruição. Mais de 65 mil pessoas foram mortas pelo terremoto, que também deixou 23 mil desaparecidos. O número de vítimas fatais deve subir. Funcionários ainda não estimaram o número de crianças mortas. Um funcionário do comitê de Chengdu, que se identificou apenas pelo sobrenome Wang, disse que essas regras em relação à política do filho único estavam sendo feitas especificamente para as vítimas do terremoto. Ele descreveu esse fato como um esclarecimento da política já existente, e se recusou a dar outras explicações. Ainda que chamada geralmente de política do filho único, as regras oferecem exceções e brechas, algumas delas postas em prática por causa da oposição generalizada aos limites impostos. Exceções Em muitas partes da China rural, por exemplo, a maioria das famílias pode ter um segundo filho, especialmente se o primeiro bebê for uma menina. Funcionários locais têm geralmente grande autonomia para fiscalizar o cumprimento da lei, o que torna essa política suscetível à corrupção. A política do filho único foi implantada no país no fim da década de 1970, para controlar a população e garantir melhor ensino e cuidados de saúde para as crianças. A lei inclui certas exceções para alguns grupos étnicos, regiões rurais e famílias nas quais marido e mulher são filhos únicos. Segundo o governo, com essas regras o país evitou 400 milhões de nascimentos. Mas os críticos afirmam que a legislação levou a abortos, além de um desequilíbrio entre os sexos - as famílias chinesas em geral preferem ter meninos. Os casais que têm mais de um filho geralmente são multados. Muitos chineses demonstraram o desejo de adotar órfãos do terremoto. Segundo o governo, uma família pode adotar quantas crianças quiser nesse caso, sem nenhum tipo de punição.

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