postado em 26/05/2008 21:27
BOGOTÁ - Vários colombianos se mostraram otimistas, nesta segunda-feira (26/05), no dia seguinte ao anúncio da morte do líder histórico das Farc, Manuel Marulanda, tido como um dos principais obstáculos à paz, e de sua substituição pelo ideólogo da guerrilha Alfonso Cano.
"Marulanda foi um homem importante do século XX, mas Alfonso Cano é suscetível de dar, hoje, um impulso para a paz, algo do que seu predecessor era incapaz", avaliou o deputado de esquerda e ex-guerrilheiro Gustavo Petro.
Nessa segunda, as rádios locais fizeram várias entrevistas. Para a maioria dos ouvintes, a morte do velho chefe rebelde, de quase 80 anos, faz renascer a esperança de que se chegue ao fim de 50 anos de guerra civil e se consiga a libertação dos reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
As Farc reivindicam a libertação de 500 guerrilheiros presos, em troca de um grupo de pelo menos 39 reféns, entre eles a política franco-colombiana Ingrid Betancourt, seqüestrada há mais de seis anos.
Intelectual moderado
Para os ouvintes, Cano, um intelectual moderado oriundo da pequena burguesia de Bogotá e que faz parte "do braço político" da guerrilha, é mais aberto e apto a negociar a paz do que Marulanda, considerado um camponês obstinado e surdo aos argumentos de seus interlocutores.
"As Farc, sob uma pressão militar muito forte, têm a opção de uma saída negociada do conflito, e Cano pode ser capaz de gerar uma iniciativa dessas para a guerrilha", comentou o cientista político Alejo Vargas, da Universidade Nacional de Bogotá, em conversa com a AFP.
A direita colombiana e membros do governo conservador de Alvaro Uribe prevêem o fim rápido e total das Farc. "A eliminação das Farc está no bom caminho", disse o ministro do Interior, Carlos Holguin.
Para o analista político Alfredo Rangel, essa morte "é um golpe moral definitivo" nas Farc, "que poderiam abandonar a luta armada".
Baixas
No sábado passado, o Ministério colombiano da Defesa anunciou que Manuel Marulanda, de 80 anos, morreu no dia 26 de março, em conseqüência de um ataque cardíaco.
O falecimento de Marulanda é o último de uma série de duros golpes contra a guerrilha, como a morte do número dois do grupo, Raúl Reyes, abatido em 1º de março durante um ataque aéreo do Exército colombiano no Equador, além de traições e deserções nas filas rebeldes.