postado em 27/05/2008 12:00
Katmandu - Policiais assumiram posições estratégicas em Katmandu, a capital do Nepal, durante a posse nesta terça-feira (27/05) da Assembléia Constituinte que deve abolir a monarquia no país depois de 239 anos. Mas a segurança não impediu a explosão de uma bomba em um parque. Duas pessoas ficaram feridas. O incidente ocorreu horas após a posse dos constituintes e ninguém assumiu a responsabilidade pelo atentado.
Um dia antes, duas pequenas bombas explodiram sem deixar vítimas, sendo uma perto de um centro de convenções e outra perto da residência de um ativista contrário à monarquia. Os ataques mostram os desafios da nova Assembléia para trazer estabilidade ao país.
Os 575 parlamentares eleitos este ano juraram hoje e devem governar o Nepal enquanto reescrevem a Constituição. A elaboração do novo texto é um passo fundamental no processo de paz que encerrou uma rebelião de uma década dos rebeldes maoístas e os atraiu para a política. Outros 26 membros da assembléia ainda serão escolhidos pelos principais partidos.
A Assembléia, eleita em abril, começará a trabalhar amanhã. Sua primeira medida deve ser declarar o Nepal uma república e abolir a dinastia Shah. Ela data de 1769, quando um líder regional conquistou Katmandu e unificou o país. "Será declarada a república amanhã", afirmou Baburam Bhattarai, vice-líder dos Maoístas, após a cerimônia de posse. "Uma vez que a república seja declarada, automaticamente o rei perde sua posição e lugar no palácio." Os maoístas são maioria na Assembléia, mas ainda articulam para formar um governo.
Os maoístas e os outros dois principais partidos nepaleses - o Congresso Nepalês e o Partido Comunista do Nepal - concordaram hoje em substituir o rei por um presidente. Não estava claro, porém, qual seria a área de atuação do titular desse cargo - as funções executivas devem ficar nas mãos do primeiro-ministro. O rei Gyanendra até agora ignorou os pedidos para que deixe o palácio antes de o Nepal ser declarado uma república.
A violência ligada à política persiste no país, apesar de um processo de paz iniciado há dois anos. O chefe da missão das Nações Unidas no Nepal, Ian Martin, advertiu hoje para o fato de que a violência ameaça o processo de paz. Martin também criticou os políticos nepaleses, por considerar que eles fazem pouco para encerrar os conflitos.