postado em 27/05/2008 12:09
KATMANDU - A segurança foi reforçada nesta terça-feira (27/05) em Katmandu depois de uma série de atentados com bombas que deixaram dois feridos, enquanto uma Assembléia Constituinte encarregada de abolir a única monarquia hinduísta do mundo tomava posse. Duas pessoas, incluindo uma criança, ficaram feridas nesta terça-feira na explosão de um artefato de fabricação caseira em um parque de Katmandu.
"Acreditamos que este atentado foi cometido por elementos contrários a uma República para criar um ambiente de pânico", disse o chefe de polícia, Dipendra Chand, sobre a última deflagração. Outros três atentados foram registrados na segunda-feira à noite sem deixar vítimas. Dois ataques foram reivindicados por um grupo nacionalista hindu desconhecido, provavelmente favorável à monarquia, o G. F. P. Ramdir Sena, e um em frente à residência de uma personalidade favorável à República.
Líderes maoístas asseguraram que em sua primeira sessão, na quarta-feira, a assembléia abolirá a monarquia deste pobre e pequeno país do Himalaia, destituindo o impopular rei Gyanendra, para instaurar uma República Federativa. "É realmente um dia histórico", afirmou com alegria o líder dos maoístas e ex-guerrilheiro Prachanda, favorito para liderar um futuro governo, enquanto prestava juramento com os outros parlamentares.
Os maoístas, que travaram uma luta armada durante dez anos antes de assinar um acordo de paz em 2006, foram os grandes vencedores das eleições legislativas de 10 de abril, obtendo mais de um terço dos 601 assentos. A tensão aumentou na capital nepalesa à medida que se aproxima o dia da primeira sessão da Assembléia Constituinte. Cerca de 5 mil policiais serão mobilizados na quarta-feira ao redor do Palácio Real e do edifício onde acontecerá a reunião de quarta-feira.
"É possível que alguns elementos tentem provocar distúrbios. Queremos estar preparados para esta possibilidade", disse Serbendra Janal, chefe da polícia de Katmandu, que proibiu manifestações em vários pontos sensíveis da cidade. Os maoístas, que contra todos as previsões venceram as eleições de 10 de abril, levaram para a capital dezenas de milhares de membros de seu temido movimento jovem.
Os maoístas haviam se comprometido a incluir a abolição da Monarquia na ordem do dia da primeira sessão da Assembléia Constituinte. A queda do rei Gyanendra marcará o fim da única monarquia hinduísta do mundo, que reina há 240 anos. O rei Gyanendra, considerado por seus partidários a encarnação do deus Visnu, chegou ao trono em 2001 após o bárbaro assassinato de nove membros da família real pelo príncipe herdeiro, que em seguida se suicidou, ao que parece sob efeito de drogas e álcool.
A impopularidade do monarca chegou ao fundo do poço quando destituiu o governo e concedeu poderes absolutos em fevereiro de 2005. Isso levou os principais partidos políticos nepaleses a se aliarem com os rebeldes maoístas, seus inimigos históricos, para concluir um acordo de paz em 2006, que pôs fim a uma guerra civil que deixou mais de 13 mil mortos.