postado em 27/05/2008 14:04
JERUSALÉM - O empresário americano Morris Talansky, principal testemunha num caso de corrupção que envolve Ehud Olmert, afirmou nesta terça-feira (27/05) que em várias ocasiões entregou dinheiro em espécie ao primeiro-ministro de Israel, num total de cerca de 150 mil dólares. O americano disse ter transmitido essas somas tanto em Israel quanto no exterior em envelopes, por intermédio de Shula Zaken, ex-chefe de gabinete de Olmert.
A audiência no qual compareceu Morris Talansky, um israelense-americano que vive em Nova York, durou mais de sete horas no tribunal do distrito de Jerusalém. "Eu dei dinheiro em espécie a Olmert para suas campanhas de 1991 e 1992. Ele me disse que preferia em espécie e eu entreguei primeiro recursos de fundos privados e depois quantias arrecadadas nos Estados Unidos para ele", afirmou Talansky, em declarações divulgadas pela rádio pública israelense como parte de seu depoimento no tribunal do distrito de Jerusalém.
"Em 1998 também foram entregues valores, a princípio e em cada ocasião, em geral, de 3 mil a 8 mil dólares, sempre em dinheiro, pois Olmert não queria cheques", acrescentou Talansky, afirmando que não havia recebido nada em troca. O empresário foi interrogado pelo procurador de Estado, Moshe Lador, e o procurador do distrito de Jerusalém, Eli Arbavanel. Olmert enfrenta acusações de ter recebido de Morris Talansky, em Israel e no exterior, pagamentos sobretudo quando era ministro do Comércio e Indústria (2003-2006).
Talansky, que insiste não ter recebido nenhuma contrapartida para este dinheiro, voltará a ser ouvido em julho por ocasião de um contra-interrogatório dirigido por advogados de Olmert. O premier já foi ouvido formalmente duas vezes pelo caso, alimentando especulações sobre uma eventual renúncia.
Talansky também indicou que Olmert havia proposto "ajudá-lo" a vender frigobares de hotel fabricados por ele. O primeiro-ministro, segundo ele, colocou-o em contacto com proprietários americanos de hotéis. "Ele queria me fazer um favor, mas não deu em nada", segundo ele. O primeiro-ministro é acusado formalmente de suspeita de fraude, abuso de confiança e irregularidades no financiamento de campanhas eleitorais.
Olmert já havia dito em audiências anteriores que todo o dinheiro recebido foi utilizado para financiar campanhas eleitorais e assegurou que não colocou "nenhuma moeda no bolso". Contudo, anunciou que renunciaria caso fosse culpado oficialmente. Durante o último interrogatório, o premier tentou convencer a polícia de que o dinheiro recebido em 2006, antes de sua nomeação para o cargo, não constituiu suborno, segundo a rádio pública.
Olmert é acusado também de retomar as conversações com a Síria para desviar a atenção sobre seus próprios problemas judiciais. O líder da oposição de direita, Benjamin Netanyahu, chegou a afirmar que o atual primeiro-ministro "não tinha nenhuma autoridade para negociar". Segundo uma pesquisa recente, 62% dos israelenses acreditam que Olmert deveria renunciar. Além disso, 51% se mostram favoráveis a eleições antecipadas.