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Ex-comandante da ditadura argentina é julgado

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postado em 27/05/2008 17:40
BUENOS AIRES - O general da reserva Luciano Benjamín Menéndez, um dos ex-comandantes da ditadura argentina (1976-83), começou a ser julgado nesta terça-feira (24/05) por crimes cometidos no campo de concentração "La Perla" e em outros centros de extermínio da província de Córdoba (centro). "Chegou a sua hora", gritou um familiar de uma das vítimas durante a audiência realizada em meio a severas medidas de segurança; várias dezenas de policiais estiveram posicionados nos arredores do tribunal de Córdoba (700 km ao norte). Menéndez, também conhecido como "Cachorro" ou "a Hiena de La Perla", que completará 81 anos durante as audiências, está sentado no banco dos réus junto com outros sete militares, como parte de um processo por assassinatos, privação ilegítima da liberdade e torturas cometidas em quatro pessoas. Menéndez foi acusado em 1994 pela justiça de Roma pelo desaparecimento de cidadãos italianos na Argentina e acusado de genocídio pela justiça espanhola. O militar cumpre prisão domiciliar em Córdoba, capital homônima a 700 km ao norte de Buenos Aires, beneficiado por ter mais de 70 anos. Entre 1975 e 1979, Menéndez foi chefe do Terceiro Corpo do Exército, com jurisdição sobre províncias do centro e do noroeste do país, uma das regiões onde recrudesceu o terrorismo de Estado, e que tem em aberto centenas de causas por violações aos direitos humanos. Está também julgado por crimes cometidos como parte do Plano Cóndor, de coordenação entre as ditaduras do Cone Sul nos anos 70. Temível A ferocidade do ex-comandante da ditadura ficou imortalizada por uma charge de 1984, retratando-o em posição de combate, com roupa de camuflagem e empunhando uma faca de pára-quedista, a ponto de agredir manifestantes às portas de um canal de televisão. Em 1988 havia sido processado por 47 casos de homicídio, 76 de torturas, quatro deles seguidos de morte e quatro roubos de bebês, mas foi beneficiado em 1990 por um indulto do ex-presidente Carlos Menem (1989-99). Nesse julgamento, os acusados deverão responder pelo seqüestro em novembro de 1977 dos militantes políticos Humberto Brandalisis, Carlos Lajas, Raúl Cardozo e Ilda Flora Palacios. Os quatro, vistos em "La Perla", foram logo assassinados a sangue frio em 15 de dezembro de 1977, numa tentativa dos militares de simular um confronto, segundo depoimentos de sobreviventes. "La Perla", a oeste de Córdoba, foi um dos maiores centros clandestinos, onde foram torturados e desapareceram pelo menos 2.500 adversários políticos do regime ditatorial e onde funciona agora um Museu da Memória. Brandalisis, Lajas e Cardozo prosseguem desaparecidos enquanto que o corpo de Palacios pôde ser identificado numa fossa comum e entregue em 2004 a suas filhas Soledad e Valeria. Segundo o livro "Nunca Mais", que copilou depoimentos e foi base do histórico julgamento das Juntas Militares em 1985, Menéndez supervisionou pessoalmente torturas e fuzilamentos de presos políticos. Além de Menéndez, serão julgados o coronel da reserva e chefe da Inteligência do Exército em Córdoba, Hermes Oscar Rodríguez (75 años) e o capitão da reserva Jorge Exequiel Acosta (62), o comandante das operações de "La Perla".

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