postado em 28/05/2008 08:22
O relatório anual da Anistia Internacional faz um "triste balanço" do governo americano e lança um apelo ao próximo presidente para que restabeleça a autoridade moral dos Estados Unidos, tomando medidas como fechar Guantánamo, banir qualquer método de tortura e não apoiar regimes autoritários.
"Os Estados Unidos são a superpotência mundial que também determina o comportamento dos outros Estados", declara a secretária-geral da Anistia, Irene Khan, acrescentando que "o mundo precisa que os EUA estejam, verdadeiramente, comprometidos com a defesa dos direitos humanos, dentro de casa e no exterior".
De fato, o balanço mais recente da administração de George W. Bush não é brilhante, como enumera a Anistia: os Estados Unidos se recusam a considerar a simulação de afogamento como tortura, mantêm os interrogatórios em prisões secretas da CIA e continuam a prender centenas de pessoas em Guantánamo (Cuba) e em Bagram (Afeganistão), assim como no Iraque.
Além disso, o apoio de Washington ao presidente paquistanês, Pervez Musharraf, enquanto este prendia milhares de advogados, jornalistas e militantes dos direitos humanos, mostrou a que ponto os apelos do governo em favor da democracia e da liberdade são "vazios". Apesar disso, a Anistia encontrou uma razão para ter esperança: "em novembro de 2008, o povo americano vai eleger um novo presidente".
Nesse sentido, a organização, cuja sede fica em Londres, faz um apelo: "se os Estados Unidos quiserem ter a autoridade moral de um campeão dos direitos do homem, o próximo governo deve fechar Guantánamo, seja levando os detentos aos tribunais federais comuns, seja libertando-os". Essa seria apenas uma primeira etapa, mas essencial para mostrar que o país é "comprometido com a direção certa" e que está "pronto para se submeter às mesmas regras e ao mesmo respeito dos direitos humanos que espera dos outros", reforçou Irene Khan.
O novo presidente também "deverá proibir o uso de testemunhos obtidos à força e denunciar qualquer forma de tortura". Deverá ainda "pôr fim ao apoio aos dirigentes de regimes autoritários", "encerrar o isolamento americano no sistema internacional dos direitos humanos e se comprometer, de maneira construtiva, com a Comissão da ONU para os Direitos Humanos", acrescenta o documento.
Mesmo que o respeito pelos direitos humanos não seja um tema de campanha nos EUA, os três potenciais sucessores de Bush - o republicano John McCain e os democratas Barack Obama e Hillary Clinton - anteciparam-se ao pedido da Anistia. Os três já prometeram fechar o centro de detenção de Guantánamo, sem anunciar ainda, contudo, o que farão com os presos.
Khan disse esperar que, como sinal de renovação, o sucessor de Bush proclame o fechamento de Guantánamo no dia 10 de dezembro de 2008, aniversário da Declaração dos Direitos do Homem. Os três também criticaram, duramente, o uso da tortura, ainda que McCain, ele próprio um ex-prisioneiro de guerra torturado nos cárceres da Coréia do Norte e, em geral, contrário ao governo nesse tema, recusou-se, em fevereiro passado, a apoiar um projeto de lei que limita as técnicas de interrogatório autorizadas pela CIA.