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Maioria parlamentar libanesa elege Siniora para dirigir próximo governo

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A maioria parlamentar libanesa, apoiada pelo Ocidente, designou o primeiro-ministro Fuad Siniora para dirigir o próximo gabinete de união nacional sob a liderança do novo presidente, Michel Sleiman, que nesta quarta-feira (28/05) começa suas consultas. Os diversos partidos da maioria parlamentar anti-síria anunciaram, em um comunicado divulgado na noite de terça-feira, que "decidiram por unanimidade encarregar o primeiro-ministro Fuad Siniora da formação do novo governo". Depois da escolha do general Sleiman para chefe de Estado no domingo passado, se considera que o governo de Siniora renunciou. A maioria devia eleger um novo primeiro-ministro e comunicar a decisão ao presidente. Os dois únicos nomes que circulavam eram os de Siniora, um muçulmano sunita de 64 anos, e de Saad Hariri, um dos pilares da maioria e filho do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, assassinado em Beirute em fevereiro de 2005. Siniora dirigia o gabinete formado depois das primeiras eleições legislativas realizadas depois da retirada das tropas sírias em abril de 2005, sob pressão internacional. A Síria, a ex-potência de tutela, foi acusada pela maioria de estar envolvida no assassinato de Rafic Hariri, embora o governo de Damasco negue estar ligado a esse fato. A reeleição de Siniora é considerada um desafio à oposição liderada pelo Hezbollah xiita, um aliado de Síria e Irã, que não puede bloqueá-la, pois o chefe de Estado não tem outra alternativa a não ser ratificar a decisão da maioria. A oposição exigia a partida de Siniora desde a renúncia, em novembro de 2006, de seis ministros da oposição (cinco dos quais eram xiitas) para protestar contra a decisão do gabinete de apoiar a formação de um tribunal internacional para investigar o assassinato do ex-primeiro-ministro Hariri. Essas renúncias mergulharam o Líbano em uma grave crise política que desencadeou uma onda de violência entre as diversas comunidades no início de maio, a pior desde a guerra civil (1975-1990), que levou à morte de 65 pessoas. Mais tarde, o Exército recuperou o controle do setor ocidental de Beirute, do qual o Hezbollah havia se apoderado. No dia 21 de maio, um acordo entre as diferentes correntes político-religiosas libanesas concluído em Doha sob os auspícios do Qatar permitiu que o país saísse da crise e culminou na eleição de Sleiman no domingo passado. O posto de presidente estava vacante desde a saída do pró-sírio Emile Lahud, em novembro de 2007. Depois de consultar os líderes dos blocos parlamentares, Sleiman deverá encarregar formalmente Siniora da missão de formar o próximo gabinete, no qual a oposição terá poder de veto sobre as decisões mais importantes, tal como está previsto no acordo de Doha. O novo gabinete deve ser formado em um prazo de uma semana. Segundo um acordo entre as diversas comunidades libanesas, o chefe de Estado deve ser um cristão maronita; o primeiro-ministro, um muçulmano sunita; e o líder do Parlamento, um muçulmano xiita. A tensão persiste entre as diversas facções. Um soldado morreu na terça-feira em uma troca de tiros depois de uma discussão em Aramun (sudoeste de Beirute), segundo o Exército. Na segunda-feira um confronto armado foi registrado no oeste da capital entre militantes do Hezbollah e partidários da maioria.