Mundo

Bolívia: duas regiões se preparam para referendo pela autonomia

;

postado em 28/05/2008 12:46
As regiões bolivianas de Beni e Pando acertam os últimos detalhes para realizar, no próximo domingo, um referendo para aprovar seus estatutos autonômicos, apesar da resistência do presidente Evo Morales, num momento em que o governo e nove governadores se preparam para uma consulta revogatória de seus mandatos em agosto. Os líderes civis de Beni, Alberto Melgar, e de Pando, Ana Melena de Suzuki, disseram, em separado, que estão na reta final do processo, que não é reconhecido pelo Poder Executivo e pela Corte Nacional Eleitoral, sob alegação de que se trata de consultas ilegais. "Vamos superar o percentual de Santa Cruz (85,6%). Isso se vê, é palpável, as pessoas vivem a autonomia, porque há regiões preteridas pelo centralismo (governo de La Paz)", afirmou Melgar, explicando que seguem os passos da próspera Santa Cruz, que fez um referendo similar em 4 de maio passado. "Pando busca a solução de autodeterminação e administrar melhor seus recursos. Queremos consolidar a autonomia", declarou Melena de Suzuki, que comanda o Comitê Cívico de Pando, departamento amazônico boliviano fronteiriço com o Brasil. As duas regiões rebeldes, cujos governadores de direita são duros opositores ao presidente Evo Morales, acompanham os passos do rico departamento de Santa Cruz, que lidera um movimento para formar governos autônomos, e ao qual se somará uma quarta região, Tarija, rica em gás, com outra consulta em 22 de junho. O estatuto será um tipo de Constituição local que regulará o governo autônomo, embora seus promotores neguem que o objetivo seja secessionista, como garante o Poder Executivo. No sábado, organizações civis tentaram impedir a chegada do poderoso ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, braço direito de Morales, ao povoado de Riberalta, e hoje à comarca de San Borja, dois redutos da oposição, sem maiores incidentes. Em Pando (cerca de 70 mil km2), por enquanto, os procedimentos para o plebiscito caminham com normalidade, apesar de ser rejeitado pelo prefeito de Cobija (capital), Luis Flores, adversário do governador Leopoldo Fernández, que está alinhado com a frente pró-autonomia Podemos. Enquanto as duas regiões se preparam para ir às urnas, o governo e nove governadores esperam pelo referendo revogatório de mandatos, convocado para 10 de agosto deste ano. A Corte Nacional Eleitoral já aprovou todo o cronograma de atividades, que vai do registro de novos eleitores às licitações para a impressão de cédulas de voto. A lei estabelece que perderão seus cargos o presidente, seu vice-presidente e os nove governadores, se, nas consultas separadas, cada um receber uma votação adversa, superior aos votos e percentuais recebidos na última eleição, em dezembro de 2005. O governo não iniciou sua campanha formalmente, mas, acredita-se que Evo Morales buscará destacar suas políticas de mudanças, como a nacionalização de empresas petroleiras.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação