postado em 28/05/2008 16:40
A coalizão governista de centro-esquerda chilena, base de apoio da presidente Michelle Bachelet e que governa o Chile desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet não participará unida das eleições municipais de outubro, um sintoma dos crescentes desentendimentos que podem significar o começo do fim, segundo analistas.
As eleições municipais são fundamentais para a definição do candidato do govenro para o pleito presidencial de dezembro de 2009, quando será escolhido o sucessor de Bachelet.
O Partido Pela Democracia (PPD) e o Partido Radical Social Democrata decidiram de maneira unilateral inscrever sua própria lista de candidatos a vereador, competindo diretamente com seus aliados de coalizão do Partido Socialista e da Democracia Cristã.
Os dois partidos dissidentes justificaram sua decisão como uma forma de obter mais votos para a Concertación Democrática, para barrar o crescimento da oposição de direita e de alguns independentes.
Em todas as eleições anteriores, os aliados conservaram seus candidatos nas 345 localidades do Chile, com um número maior de representantes da DC, principal partido da coalizão. Essa estrutura manteve sempre a supremacia da coalizão em relação aos outros três partidos. "Haverá melhores resultados eleitorais e isso unirá mais o governo", disse o secretário-geral do PPD, Pepe Auth.
"A Concertación corre um grave risco", afirmou por sua vez a presidente da DC, a senadora Soledad Alvear. A Democracia Cristã, principal partido governista, seria o mais afetado pela competição em duas listas, explicou à AFP o analista Guillermo Holzmann. "O maior prejudicado será a DC, que ao ter mais competição certamente perderá votos", afirmou.
O partido passa por uma profunda crise, causada pela saída de várias de suas figuras emblemáticas. Se confirmado o mau desempenho da DC, as aspirações presidenciais do partido se veriam seriamente ameaçadas, deixando em vantagem o bloco mais à esquerda da coalizão, que pode lançar a candidatura de políticos como o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, e o ex-presidente Ricardo Lagos.
Do lado da DC, a senadora Alvear deseja concorrer nas presidenciais de 2009, embora sua popularidade esteja em baixa devido à crise enfrentada pelo partido que preside.
A presidente Bachelet pediu unidade aos partidos da coalizão, mas decidiu manter-se à margem da disputa para não se envolver diretamente no conflito, explicou Holzmann.
"Bachelet se apresenta mais como chefe de Estado do que como chefe da coalizão, focando-se em seu trabalho à frente do governo, o que tem trazido bons resultados", afirmou.