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A geração de "maio de 68" chega à cúpula das Farc

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postado em 28/05/2008 19:13
Junto com Alfonso Cano, que substituiu o falecido líder histórico Manuel Marulanda, a guerrilha colombiana das Farc ficou sob o comando de uma cúpula na qual, pela primeira vez, é maioria uma geração formada em universidades e que viveu a efervescência de maio de 1968. Além de Cano - antropólogo de formação - o secretariado das Farc é integrado agora por dirigentes que freqüentaram as universidades na Colômbia ou no exterior, ao contrário dos camponeses fundadores que haviam dominado as Farc com Marulanda à frente. Entre eles há dois médicos, Timoleón Jiménez e Mauricio Jaramillo, e um engenheiro agrícola, Joaquín Gómez. A principal exceção é Jorge Briceño "Mono Jojoy", considerado o comandante militar, filho de um antigo combatente e que, segundo a lenda que circula sobre ele, nasceu em um acampamento rebelde. Jaramillo estudou em Cuba, enquanto Gómez o fez na antiga União Soviética; foi professor universitário e domina vários idiomas. "É uma geração nascida por volta de 1950, que chegou às universidades no final dos anos sessentas, em pleno auge do movimento de 'maio de 68' que, na Colômbia, refletiu-se num ativo movimento estudantil", assinalou à AFP o sociólogo Luis Eduardo Celis. "Foi nesse ambiente de efervescência estudantil e de auge de uma contracultura: o novo teatro, a canção de protesto e a poesia 'nadaísta', no qual se formaram Cano e outros dirigentes da esquerda", acrescentou Celis, do centro de estudos Nuevo Arco Iris, especializado no conflito armado. O novo líder Cano começou justamente seus estudos universitários em 1968 na universidade Nacional de Bogotá, onde se vinculou à Juventude Comunista, da qual chegou a ser dirigente nacional. "Entrei para a luta política no calor de maio de 68 e do Vietnã", admitiu em entrevista em 2000, na zona de Caguán (sudeste), quando as Farc, então com a tendência marxista, mantinham diálogos de paz com o governo do conservador Andrés Pastrana (1998-2002). Depois de várias detenções por participar de protestos estudantis, Cano ficou livre em 1981 por uma anistia e se incorporou à guerrilha. "Nos anos sessenta e setenta, o movimento estudantil se converteu no setor onde o embrionário movimento guerrilheiro encontrou apoio e desenvolvimento", recorda Orlando Villanueva, professor da universidade estatal Francisco José de Caldas e autor de um estudo sobre o tema. O movimento desencadeou repressão que conheceu o auge três anos mais tarde, em fevereiro de 1971, quando o governo decretou estado de sítio, depois da morte de 20 universitários em Cali (sudoeste). Apesar dessa influência, Cano e os outros membros do secretariado passaram muito tempo nas montanhas combatendo e assimilaram o padrão cultural camponês que caracteriza as Farcs radicais.

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