postado em 29/05/2008 09:24
Governos e organizações civis classificaram nesta quinta-feira (29/05) o acordo que proíbe o uso de bombas de fragmentação, concluído em Dublin por mais de 100 países como um passo à frente na esperança de que o documento pressione os países que não o assinaram, como os Estados Unidos, a respeitar a proibição dessas armas.
Depois de 10 dias de difíceis negociações, representantes de 111 países participantes em Dublin chegaram a um acordo num histórico documento que proíbe as bombas desse tipo, responsáveis pela morte e mutilação de milhares de civis em todo o mundo. No entanto, Estados Unidos, China, Rússia, Índia, Paquistão e Israel - que são os principais produtores e utilizadores dessa arma - não participaram na conferência.
O documento final deverá ser submetido à assinatura dos Estados numa cerimônia em Oslo, nos dias 2 e 3 de dezembro, antes de sua ratificação pelo conjunto dos países signatários. Grã-Bretanha, Irlanda, França e outros países elogiaram o acordo contra essas bombas que podem ficar ativas sem explodir durante anos.
Em mensagem de vídeo, na abertura do encontro, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon pediu que os delegados acabassem com 'os horrores causados pelas bombas de fragmentação'. As organizações humanitárias acompanharam as discussões para evitar qualquer tentativa de suavizar o texto final, ressaltando que um acordo sem ambigüidades teria o mesmo alcance histórico que a Convenção de Ottawa, que proibiu as minas terrestres em 1997.
Os apelos pela proibição das bombas de fragmentação se intensificaram depois do conflito no Líbano, que deixou aproximadamente um milhão destas bombas espalhadas pelo país. Segundo um relatório da Handicap Internacional, 98% das vítimas deixadas pelas bombas de fragmentação - que foram utilizadas no Iraque e no Líbano - são civis.
A conferência de Dublin faz parte do processo iniciado em fevereiro de 2007 em Oslo, onde 46 países aprovaram uma declaração comum pedindo a proibição da "utilização, produção, transferência e armazenamento" de bombas de fragmentação antes de 2008.