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República de Nepal comemora abolição da monarquia

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postado em 29/05/2008 09:53
Milhares de nepaleses comemoraram durante a madrugada desta quinta-feira (29/05) a abolição da monarquia e a proclamação da República e sua transição de súditos para cidadãos. Símbolo da queda da última monarquia hindu no mundo, a bandeira real da dinastia dos Shah, que reinava há 240 anos no país, foi retirada do palácio de Katmandu. "A bandeira real foi substituída pela bandeira do Nepal no interior do palácio esta manhã", afirmou um representante oficial do palácio real que pediu anonimato. A assembléia constitucional do Nepal aprovou nesta quarta-feira o fim da monarquia, em vigor no país por 240 anos, e proclamou a república. "A proposta para a proclamação da república foi aprovada", anunciou em plenário Kul Bahadur Gurung, um alto representante deste órgão de 601 membros, dos quais 560 votaram a favor e quatro se opuseram. Os maoístas do Nepal, republicanos, combateram durante 10 anos o impopular rei Gyanendra, conquistando a maioria das cadeiras da assembléia constitucional nas eleições de abril. A formação da assembléia constitucional faz parte dos acordos de paz entre os partidos políticos nepaleses e os rebeldes maoístas que puseram fim a uma guerra civil na qual morreram 13 mil pessoas. A queda do rei Gyanendra marcará o fim da única monarquia hinduísta do mundo. Considerado por seus partidários a encarnação do deus Visnu, chegou ao trono em 2001 após o bárbaro assassinato de nove membros da família real pelo príncipe herdeiro que, em seguida, se suicidou, ao que parece sob efeito de drogas e álcool. A impopularidade do monarca chegou ao fundo do poço quando destituiu o governo e se concedeu poderes absolutos em fevereiro de 2005. Isso levou os principais partidos políticos nepaleses a se aliarem aos rebeldes maoístas, seus inimigos históricos, para concluir um acordo de paz em 2006. O rei Gyanendra tem agora 15 dias para abandonar o palácio, que será transformado em um museu. "Todos os privilégios concedidos ao rei e à familia real deixam de ser válidos a partir de hoje", afirma o texto aprovado na quarta-feira pela assembléia, que estabelece 29 de maio como "Dia da República". Segundo o editor da revista Jana Aastha, considerada uma das fontes mais confiáveis no Nepal no que diz respeito ao noticiário do habitualmente fechado palácio real, Gyanendra está empacotando seus pertences para deixar seu palácio de Katmandu na sexta-feira. O rei não comentou a votação histórica da Assembléia Constituinte. "Dizem que na sexta-feira se mudará para Nagarjun, um imóvel que possui nas proximidades de Katmandu, ou para outra residência privada da capital", afirmou a fonte. O palácio real no coração de Katmandu será transformado em museu. Esta quinta e sexta foram proclamados dias festivos. "É o dia mais importante de minha vida", assegurou Rajesh Subedi, estudante de 21 anos e partidário dos maoístas. "O povo nepalês foi libertado de séculos de tradição feudal e abriu as portas para uma transformação social e econômica radical", afirmou Krishna Bahadur Mahara, porta-voz dos maoístas. O Exército nacional, considerado por muito tempo como um reduto real, assegurou que respeitará o voto da Assembléia.

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