postado em 29/05/2008 11:46
Cidade de Gaza - O arcebispo sul-africano Desmond Tutu, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, afirmou nesta quinta-feira (29/05) que está chocado com as condições na Faixa de Gaza após quase um ano de sanções israelenses. O religioso descreveu a região como "desolada e assustadora", como resultado da escassez de combustíveis e de outros produtos básicos. "Não há pessoas nas ruas. Nós ficamos chocados sobretudo com a ausência do som das crianças brincando ou acenando para o comboio, como acontece em outros países", disse Tutu durante entrevista coletiva.
Israel impõe sanções à área desde junho do ano passado, quando os militantes do Hamas tomaram o poder na Faixa de Gaza. Os israelenses apertaram o bloqueio nos últimos meses, em resposta aos seguidos ataques com foguetes lançados por militantes palestinos contra o território israelense.
Tutu disse que pediu aos líderes do Hamas o fim dos ataques contra os israelenses. O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Arye Mekel, acusou o Hamas de ser o responsável pelas sanções. Segundo Mekel, o grupo permite a realização de vários ataques, inclusive em passagens fronteiriças usadas para enviar bens para Gaza. "Se não existisse o terror em Gaza, as fronteiras seriam abertas e não haveria problemas", alegou Mekel.
O Egito, que também fechou sua fronteira com Gaza, abriu a passagem para permitir que Tutu entrasse na área palestina. Tutu integrava uma missão das Nações Unidas (ONU) que visitou a Faixa de Gaza. A viagem do grupo tinha como missão realizar uma investigação sobre um ataque israelense que acidentalmente matou 19 civis, todos membros da mesma família, em novembro de 2006.
O arcebispo afirmou que Israel negou permissão de entrada no país para ele. Mekel disse que Tutu é bem-vindo, mas que Israel não cooperaria com a investigação da ONU. Para Mekel, o órgão que monitora esse trabalho, o Conselho de Direitos Humanos da ONU, tem uma predisposição contra Israel.