postado em 31/05/2008 10:32
A junta militar de Mianmar começou nesta sexta-feira (30/05) a expulsar as vítimas do ciclone Nargis dos acampamentos criados pelo governo. A medida seria para evitar que os abrigos se tornem permanentes, segundo denúncia das Nações Unidas. De acordo com Teh Tai Ring, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), oito acampamentos instalados no povoado de Bogalay, no delta do Rio Irrawaddy, foram ;totalmente esvaziados;. ;O governo está desalojando as pessoas sem avisá-las;, disse Ring. ;Eles estão abandonando essa gente em zonas afastadas das aldeias praticamente sem nada.;
Mais tarde, a Unicef emitiu um comunicado fazendo a ressalva de que as declarações foram feitas com base em relatos não-confirmados. Em Rangun, mais de 400 pessoas, habitantes da aldeia de Laguna, foram expulsas de uma igreja que lhes servia de refúgio, de acordo com um religioso que não quis se identificar. ;Essas pessoas perderam suas casas, famílias e toda a aldeia foi arrasada;, disse. ;Eles não têm para onde ir.; Com exceção de mulheres grávidas, crianças e doentes graves, os desabrigados foram transportados em 11 caminhões.
Segundo as autoridades, eles serão levados para outro acampamento em Myaung Mya, vilarejo pouco afetado pelo ciclone. O governo disse que as pessoas estavam sendo transferidas porque já deu por finalizada a fase de ;assistência; às vítimas do desastre e pretende iniciar a etapa de ;reconstrução;.
O ciclone Nargis atingiu Mianmar no início do mês, matando 77 mil birmaneses, segundo o governo, e 130 mil, de acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. A ONU divulgou que entre 1,5 milhão e 2,5 milhões de birmaneses ficaram sem alimentos e água. Mas a junta militar que governa o país só aceitou alguma ajuda humanitária estrangeira após muita pressão internacional.
Nesta sexta-feira, a junta birmanesa incitou a população afetada pelo Nargis a ;comer rãs; em vez de aceitar os ;tabletes de chocolate; enviados pela comunidade internacional. A sugestão foi feita num artigo publicado no diário oficial, Nova Luz da Birmânia, em que se critica o fato de a comunidade internacional ter colocado como condição para o envio de mais recursos o acesso de organizações humanitárias estrangeiras ao delta de Irrawaddy.