postado em 31/05/2008 11:53
PARIS - O primeiro-ministro russo Vladimir Putin descartou que o Irã esteja tentando produzir a arma nuclear e assegurou que esse país não cometeu "transgressão alguma até o momento" no plano jurídico, em uma entrevista divulgada neste sábado pelo jornal Le Monde. "Não acredito. Nada indica isso", disse Putin quando lhe perguntaram se o governo de Teerã tentava produzir uma bomba atômica.
"Os iranianos são um povo orgulhoso. Querem ter sua independência e fazer valer seu direito à energia nuclear com fins civis. Digo isso formalmente: no âmbito jurídico, o Irã não cometeu transgressão alguma até o momento. Inclusive tem o direito de enriquecer (urânio)", afirmou. "O Irã é criticado por não ter apresentado todos os seus programas à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). Esse ponto precisa ser resolvido", afirmou.
A AIEA, um organismo da ONU, apresentou recentemente um relatório no qual lamenta a rejeição do Irã em esclarecer questões relacionadas com o possível uso militar de seu programa nuclear. Os Estados Unidos e outras potências ocidentais acusam a República Islâmica de desenvolver seu programa militar atômico sob o pretexto de produzir energia nuclear com fins civis. O Irã desmente formalmente essas acusações.
Putin reafirmou que a Rússia se opõe à obtenção da arma atômica por parte do Irã.
"Essa é nossa posição de princípio. Usar a arma nuclear em uma região tão pequena como o Oriente Médio seria sinônimo de suicídio. A que interesses serviria (o uso da arma atômica)? Aos (interesses) da Palestina? Os palestinos (nesse caso) deixariam de existir", afirmou Putin.
Putin, que na quinta e na sexta-feira realizou uma visita à França, revelou que em seus contatos com dirigentes iranianos se empenhou em lembrá-los que o Oriente Médio "não é uma zona ascética, e sim explosiva". "Pedimos que levem isso em conta, que não irritem seus vizinhos nem a comunidade internacional, que mostrem que não têm segundas intenções", acrescentou. Teerã foi punido em três oportunidades por resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que exige a suspensão das atividades de enriquecimento de urânio e uma cooperação plena com a AIEA.