postado em 01/06/2008 12:58
Os suíços rejeitaram uma proposta da direita populista de endurecer as condições de naturalização de estrangeiros, segundo resultados oficiais do referendo realizado este domingo (01/06). Apenas um dos 26 cantões suíços aprovou a proposta, apresentada pela União Democrática de Centro (UDC), um partido em combate permanente contra a suposta superpopulação estrangeira.
Em escala nacional, 64% dos eleitores rejeitaram essa iniciativa, de acordo com projeções da TV. Nos cantões de língua alemã, a derrota da iniciativa da direita ocorreu por uma margem menor.
A aprovação ou rejeição dependiam do que a maioria dos cantões decidisse. Os resultados definitivos anunciados até agora tornam impossível a inversão dessa tendência até o término em todas as circunscrições.
A UDC propunha que as naturalizações fossem aprovadas de maneira inapelável por voto popular nas comunas de residência dos aspirantes a se tornar suíços, e não por uma comissão ad hoc.
O Conselho Federal (governo) e a maioria do Parlamento se opuseram a essa proposta, por considerar que sua adoção abriria as portas para a discriminação e a arbitrariedade.
Os estrangeiros, que representam 20,7% da população suíça (segundo o censo de 2006), devem cumprir uma série de condições estritas para obter a nacionalidade helvécia, como provar que residem há 12 anos no país e que se adaptaram ao estilo de vida local. Os trâmites são mais fáceis para pessoas com pai ou mãe suíços ou para os cônjuges de cidadãos helvécios.
A iniciativa da UDC foi lançada após um caso polêmico na pequena cidade de Emmen, onde as autoridades recorreram ao voto popular em 2000 para decidir sobre a naturalização de 56 moradores. A decisão foi positiva para oito italianos e negativa para 48 pessoas oriundas dos Balcãs.
Outras duas propostas da UDC foram amplamente rechaçadas neste domingo. Uma delas pretendia proibir que o governo revelasse sua posição nas campanhas dos freqüentes referendos que caracterizam a vida política suíça. Os eleitores também rejeitaram um artigo constitucional que favorecia as seguradoras privadas no financiamento do sistema de assistência médica.