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Regiões de Beni e Pando votam autonomia rejeitada por governo boliviano

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postado em 01/06/2008 16:29
TRINIDAD - As regiões bolivianas de Beni e Pando, seguindo os passos do departamento de Santa Cruz, principal região opositora ao presidente Evo Morales, realizam neste domingo (1º/06) referendos por sua autonomia, que também são rejeitados pelo governo. As consultas são incentivadas pelos prefeitos e líderes civis de direita dos dois distritos, opositores a Morales, em uma tentativa de inaugurar um novo modelo de gestão diante do centralismo estatal de La Paz. "Este é um processo importante para a região porque acreditamos que, com este voto, vamos mudar o curso de nosso desenvolvimento", afirmou ao iniciar a votação o prefeito de Beni, Ernesto Suárez, aliado do Podemos, o principal partido de oposição liderado pelo ex-presidente Jorge Quiroga (2001-02). Na cidade de Cobija, o prefeito de Pando, Leopoldo Fernández, veterano líder de direita ligado a Podemos, apelou para que "seja o voto das urnas que decida a sorte de nossas regiões". Porém, o governo anunciou que não reconhecerá os resultados dos referendos, os quais considera inconstitucionais e separatistas, os mesmos adjetivos que utilizou para invalidar a consulta realizada em maio em Santa Cruz, onde triunfou o "sim" pela autonomia com um apoio maciço de 85% dos votantes, apesar de uma elevada abstenção. Apesar da posição do governo, Beni (noreste) ; 422.400 habitantes e 134.400 eleitores ;, e Pando (norte) ; 72.400 residentes e 28.900 votantes ;, continuam seguindo os passos de Santa Cruz, que há um mês aprovou seu estatuto e instalou uma assembléia legislativa. Os dois plebiscitos se desenvolvem em meio a tensões, com esporádicos choques que começaram no sábado, entre camponeses que resistem à consulta e vizinhos que apóiam a autonomia. Na comarca da Filadélfia, próxima Cobija, capital de Pando, três pessoas se feriram em um enfrentamento entre camponeses e autonomistas, segundo testemunhas. Para impedir a votação na Filadélfia grupos de camponeses queimaram urnas e cédulas neste domingo. A tensão aumentou em Beni, com choques nas ruas da capital de Trinidad e na comarca de Yucumo, que une este departamento à La Paz. O vice-prefeito de Yucumo, Pedro Tancara, foi agredido por colonos, que o acusaram de apoiar a autonomia, deixando-o levemente ferido, segundo relatou o repórter de uma emissora da rádio católica Fides. Em Trinidad, jovens ligados à ultradireitista 'Unión Juvenil Cruceñista', braço de choque do Comitê de Santa Cruz, que chegaram à Beni para reforçar o referendo e enfrentaram os opositores a sua realização. A polícia dispersou os grupos violentos com gás lacrimogêneo. Aos processos autonômicos de Santa Cruz, Beni e Pando se somará em 22 de junho o de Tarija, rica região que possui 85% do gás da Bolívia. Os dois processos eleitorais constituem um novo desafio ao governo Morales, que denunciou à OEA os planos separatistas da direita e propôs que as autonomias se realizassem a nova Constituição de cunho estatizante, que impulsiona seu governo e a oposição resiste.

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