postado em 02/06/2008 10:15
VIENA - O diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, pediu nesta segunda-feira (02/06) ao Irã explicações completas sobre seu programa nuclear, na abertura de uma reunião da agência em Viena, destinada a esclarecer se Teerã esconde informações sobre armamento atômico. No discurso de abertura da reunião, classificado de severo por um diplomata ocidental, ElBaradei "pediu ao Irã que ofereça explicações completas sobre suas atividades controversas", segundo a fonte, que assistiu à reunião.
O diretor geral da AIEA considerou "lamentável" que Teerã não tenha feito "progresso algum" nesse terreno. ElBaradei recordou aos 35 membros da junta de ministros que há cinco anos a agência tenta comprovar as atividades nucleares do Irã e que o tempo é cada vez mais curto. "Apesar de alguns avanços significativos, é essencial que a agência possa chegar a uma conclusão relativa à natureza do programa nuclear iraniano o mais rápido possível", afirmou.
"Isto depende principalmente de que o Irã demonstre a transparência necessária e proporcione explicações completas. Peço de novo uma cooperação plena neste assunto", acrescentou. Em um relatório transmitido aos membros da junta na semana passada, ElBaradei afirmou que o Irã pode estar ocultando informações sobre armamento nuclear, ao mesmo tempo que desafia as exigências das Nações Unidas para encerrar as atividades de enriquecimento de urânio.
O Irã insiste que seu programa nuclear é totalmente pacífico, mas os países ocidentais, especialmente os Estados Unidos, estão convencidos de que a República Islâmica tenta, de forma disfarçada, fabricar uma bomba atômica. Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia, China e Alemanha elaboraram um novo pacote de incentivos para convencer Teerã a suspender as atividades de enriquecimento de urânio. Porém, o Irã insiste que tem o direito inalienável de realizar o enriquecimento e prossegue com os esforços para dominar esta tecnologia.
O diretor da AIEA classificou ainda nesta segunda-feira de "lamentável" o fato de Israel e Estados Unidos não terem transmitido informações sobre um suposto reator nuclear na Síria, atacando o local antes que a agência pudesse inspecioná-lo. "É muito lamentável que as informações relativas à instalação não tenham sido transmitidas (à AIEA) de forma oportuna e que se tenha recorrido à força unilateralmente antes que a Agência tivesse a oportunidade de averiguar os fatos", afirmou ElBaradei, sem mencionar diretamente Estados Unidos e Israel.