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Motivação para atentado na Dinamarca pode ter sido caricaturas de Maomé

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postado em 02/06/2008 13:22
ISLAMABAD - Oito pessoas morreram e 27 ficaram feridas na explosão de um carro-bomba em frente à embaixada da Dinamarca no Paquistão nesta segunda-feira (02/06) ; o que pode ser interpretado por uma provável represália pela publicação de caricaturas do profeta Maomé, indicaram a imprensa e fontes oficiais. A violenta explosão provocou danos na embaixada, no centro de Islamabad, e quase destruiu uma agência vizinha das Nações Unidas. Além disso, inúmeros automóveis foram danificados pela força da explosão, que deixou uma enorme cratera. Até o momento, nenhum grupo assumiu o ataque, mas fontes oficiais disseram que o atentado estava relacionado com a polêmica publicação das caricaturas de Maomé, que jornais da Dinamarca reproduziram pela primeira vez em 2005, e voltaram a publicar em fevereiro. O chefe do ministério do Interior paquistanês, Rehman Malik, afirmou que o atentado "poderia ser uma reação aos desenhos blasfemos publicados na Dinamarca" e prometeu a prisão dos culpados. Na Dinamarca, o primeiro-ministro Anders Fogh Rasmussen condenou o "crime horrível e covarde", e disse que o ataque não podia ser justificado. O presidente americano George W. Bush criticou o atentado e ofereceu condolências às vítimas, disse a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino. "Condenamos o atentado terrorista, não tem nenhuma justificativa", assinalou Perino. "O presidente foi informado e ofereceu suas condolências às vítimas da violência e seus familiares", acrescentou. O Paquistão tem sido um aliado importante dos Estados Unidos em sua "guerra contra o terrorismo" desde 2001. A Dinamarca reduziu os efetivos da embaixada e deslocou a maior parte dos funcionários estrangeiros nos últimos meses devido a ameaças relacionadas com a publicação, em fevereiro, de caricaturas do profeta Maomé na imprensa dinamarquesa. O ministro de Relações Exteriores da Dinamarca, Per Stig Moeller, afirmou que o atentado poderia estar relacionado com as recentes convocações do líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, e seu aliado Ayman al-Zawahiri, para que se realizassem ataques contra dinamarqueses. "Podemos fazer muitas suposições. A Al-Qaeda de Bin Laden pediu ataques contra a Dinamarca ou poderiam ser os talibãs, que querem nos prejudicar porque estamos presentes no Afeganistão", declarou. A Dinamarca possui cerca de 550 soldados no âmbito de uma força dirigida pela OTAN no Afeganistão, que combate a guerrilha dos talibãs. Moeller indicou que um encarregado da limpeza paquistanês que trabalhava na embaixada morreu, e que três funcionários locais ficaram feridos, mas que os quatro membros dinamarqueses não foram feridos. A televisão paquistanesa, controlada pelo governo, e a agência de notícias estatal, afirmaram, por sua vez, que oito pessoas morreram, incluindo dois policiais que protegiam a embaixada, e 27 ficaram feridos. O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, e o primeiro-ministro Yusuf Raza Gilani, condenaram o atentado, segundo fontes oficiais. O Alto Representante da União Européia para Política Exterior, Javier Solana, afirmou nesta segunda-feira, em um comunicado, que condena "o atentado terrorista escandaloso cometido contra a embaixada da Dinamarca em Islamabad".

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