postado em 02/06/2008 14:41
WASHINGTON - Barack Obama parece estar a ponto de se tornar o candidato à presidência democrata ao final, na terça-feira, das primárias democratas, mas os líderes do partido se perguntam quando, como e até mesmo se Hillary Clinton vai desistir em benefício do adversário. Antes das últimas primárias democratas na terça-feira em Montana e Dakota do Sul foram detectados sinais de que a campanha de Hillary está chegando ao fim, enquanto o partido já passa a mirar o candidato republicano John McCain para a eleição de novembro.
Depois de vencer de forma contundente Obama nas primárias de Porto Rico, no domingo, Hillary afirmou ao jornal The Washington Post que se reserva o direito de impugnar uma decisão que foi desfavorável a sua candidatura. No sábado, os líderes democratas decidiram que os delegados da Flórida e Michigan - a princípio vetados por terem antecipado suas primárias contra as normas do partido - poderão comparecer à convenção democrata de agosto para designar o candidato, mas com o direito a voto reduzido.
"Nos reservamos o direito de fazer isto (a impugnação). Mas ainda não tomei uma decisão", disse a senadora por Nova York, o que deixa aberta a possibilidade de prolongar o duelo até a convenção partidária do fim de agosto em Denver, Colorado. A ex-primeira-dama espera evitar que Obama receba o apoio majoritário de quase 200 "superdelegados", aqueles que podem escolher pelo candidato de sua preferência na convenção, que ainda não anunciaram sua preferência.
Segundo a campanha de Obama, o senador está a 44 delegados dos 2.118 que garantiriam sua indicação. No entanto, Hillary é irredutível. "Estou concentrada em ganhar a indicação. Continuarei focada no que tenho que fazer neste momento, que é explicar meu caso aos delegados, e existirá tempo no futuro de considerar a campanha, porque esta segue viva".
Obama, porém, já mudou o alvo de seus discursos e passou a atacar nos últimos dias o republicano McCain. Deois de uma escala nesta segunda-feira em Michigan, o senador por Illinois deve discursar para milhares de simpatizantes em Minnesota, onde acontecerá a convenção republicana em setembro.
Apesar da campanha de Obama ressaltar que este não será um comício para celebrar o triunfo, ao fim das primárias, tanto o local escolhido como o dia estão carregados de simbolismo político. O jornal 'Politico' informou que funcionários da campanha de Hillary em várias partes dos Estados Unidos receberam instruções de retornar a Nova York na terça-feira e que teriam sido notificados de que o trabalho chegava ao fim.
"O anúncio seria um sinal de que a campanha está se desfazendo - ao menos - de parte de seu pessoal", destaca o jornal. A campanha da ex-primeira-dama não se pronunciou a respeito. Outro fato que pode indicar que Hillary Clinton se prepara para abandonar a disputa é o anúncio da senadora de que fará uma "celebração" no estado de Nova York na noite de terça-feira, e não em Montana ou em Dakota do Sul.
Ao admitir sua derrota em Porto Rico, Obama afirmou no domingo que Hillary é uma "servidora pública excepcional" que será muito "valiosa" para os democratas nas eleições de novembro. Sem esperar a designação do candidato democrata, McCain tem criticado nas últimas semanas Obama. Ele voltou a fazer isto nesta segunda-feira ao censurar o senador negro por ter afirmado ser favorável a diálogar com inimigos dos Estados Unidos, como o Irã, em um discurso ante o poderoso lobby Estados Unidos-Israel.