postado em 03/06/2008 09:59
ISLAMABAD - Autoridades paquistanesas atribuíram nesta terça-feira (03/06) a insurgentes talibãs a autoria do atentado de segunda-feira contra a embaixada dinamarquesa, mas o consideram um ato isolado motivado pelas caricaturas de Maomé e que não influenciará as negociações do governo com os fundamentalistas.
Os investigadores acreditam que militantes talibãs procedentes das zonas tribais fronteiriças com o Afeganistão foram os autores do atentado suicida de segunda-feira, que matou pelo menos seis pessoas e deixou 30 feridas, entre elas uma brasileira, afirmou um alto funcionário do governo.
A Polícia encontrou fragmentos de crânio no local da explosão que confirmam a hipótese de atentado suicida, método mais utilizado pelos rebeldes talibãs, aos quais foi atribuída uma onda de ataques praticados no Paquistão no ano passado. "Parece ser um ataque isolado que tem pouca influência nas negociações em curso entre os talibãs e as autoridades", declarou essa autoridade governamental que solicitou o anonimato.
Os insurgentes talibãs paquistaneses chegaram a manter negociações de paz com o governo depois que os partidos aliados do presidente Pervez Musharraf -apoiado pelos Estados Unidos- foram derrotados nas eleições legislativas de fevereiro. Os Estados Unidos, a Otan e o Afeganistão manifestaram sua preocupação com essas negociações. "Este ataque não foi provocado por acontecimentos ocorridos no país ou na região, faz parte da indignação geral no mundo islâmico com a divulgação das caricaturas blasfemas", afirmou o alto funcionário.
Vários jornais dinamarqueses publicaram pela primeira vez as caricaturas do profeta muçulmano em 2005, suscitando uma onda de violentos protestos no Paquistão e em outros países islâmicos. Vários periódicos voltaram a publicar as charges em fevereiro deste ano. A rede extremista al-Qaeda, de Osama bin Laden, conclamou recentemente os muçulmanos a atacar alvos dinamarqueses devido a essas caricaturas.
Um porta-voz dos talibãs paquistaneses havia afirmado na segunda-feira que não tinha informações sobre a autoria do atentado e nesta terça não foi possível contatá-lo. Segundo as autoridades, o atentado de segunda-feira contra a embaixada dinamarquesa foi praticado com um automóvel roubado com um registro diplomático falso. A bomba continha pelo menos 25 kg, do mesmo tipo que os explosivos utilizados no atentado suicida de março contra os escritórios da Agência Federal de Investigação paquistanesa, atribuído aos talibãs, informaram.