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Berlusconi recua de tornar crime a imigração ilegal

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postado em 03/06/2008 18:44
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, voltou atrás nesta terça-feira (03/06) na proposta de seu governo de tornar a imigração ilegal um crime com pena de até 4 anos de prisão. Desde que assumiu o governo em maio, Berlusconi vem endurecendo o discurso em relação aos imigrantes ilegais e às comunidades ciganas (romas), vistas com desconfiança por muitos italianos. A lei anti-imigrante ainda terá de ser aprovada pelo Parlamento, onde o premiê tem maioria. Nesta terça, durante entrevista coletiva com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, Berlusconi afirmou que os estrangeiros não deveriam ser condenados simplesmente por serem imigrantes ilegais. Para o premiê, o status de ilegal seria um agravante caso o estrangeiro cometa um crime. "Pessoalmente, não acho que você possa processar alguém por sua presença ilegal em nosso país. O Parlamento italiano é soberano e decidirá (a aprovação da proposta do governo) de acordo com sua consciência", disse. O projeto do governo prevê ainda o confisco de apartamentos alugados para imigrantes ilegais, processo de expulsão mais rápido e extensão do tempo que os estrangeiros podem ficar presos nos centros de detenção. A proposta foi duramente criticada por organizações de direitos humanos e a comunidade internacional, que temem que sua aprovação fomente a xenofobia e o racismo. Para a chefe da agência de direitos humanos da Organização das Nações Unidas, Louise Arbour, o projeto italiano é um exemplo de repressão e intolerância. Ontem, o Vaticano também criticou a proposta italiana. Segundo o arcebispo Agostino Marchetti, os imigrantes ilegais não devem ser tratados como criminosos, uma vez que os estrangeiros que trabalham contribuem para a sociedade. A Itália registrou no ano passado número recorde de entrada de imigrantes e tem hoje 3,5 milhões de estrangeiros. Parte da população, assim como em vários outros países europeus, se ressente do aumento da competição por empregos, acusa os estrangeiros de serem responsáveis pelo aumento da criminalidade e, em alguns casos, vê os imigrantes como uma ameaça à sua identidade nacional.

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